O Schroders Global Investor Study 2017 concluiu que, apesar de a nível internacional existir uma tendência para optar pelos investimentos em mercados, em Portugal há uma preferência pelos depósitos bancários.
Para os investidores portugueses, a principal prioridade individual na aplicação do rendimento disponível é a poupança. Essa foi uma das conclusões do Schroders Global Investor Study 2017, um estudo que contou com a participação de 22.000 investidores de 30 países e que permitiu compreender que, apesar da tendência global ser para a aplicação do investimento em mercados, em Portugal há uma preferência pelos depósitos bancários. 29% dos inquiridos revelaram esta preferência, a percentagem mais elevada entre todos os países em estudo, o que os especialistas consideram “surpreendente dadas as baixas taxas de juro em toda a Europa”.
Região |
Investir em operações financeiras |
Depósitos bancários |
Investir/Comprar propriedades |
Gastos de luxo |
Investir em pensões |
Pagar dívidas |
Europa |
20% |
16% |
13% |
13% |
10% |
9% |
Ásia |
32% |
16% |
13% |
7% |
9% |
5% |
Américas |
19% |
16% |
12% |
11% |
11% |
11% |
Global |
23% |
16% |
13% |
11% |
10% |
9% |
Portugal |
23% |
29% |
14% |
6% |
9% |
6% |
Fonte: Schroders, novembro de 2017
Em termos globais, apenas 16% dos investidores dizem aplicar as suas poupanças em depósitos e 23% deverão investir em ações, obrigações e commodities, o que constitui a segunda opção mais provável para os portugueses. Em termos de retorno, o estudo da Schroders conclui que, nos próximos cinco anos, os investidores portugueses esperam obter um retorno médio anual de 9,4%, enquanto a Europa espera 8,7% e em termos globais espera-se 10,2%. Ainda que o índice global MSCI indique um retorno anual de 7,2% nos últimos 30 anos, mais de metade dos investidores portugueses (58%) esperam alcançar um retorno superior a 10% e quase 40% esperam optimistamente um mínimo de 10% por ano.

Esta situação leva Carla Bergareche, diretora da Schroders para Portugal e Espanha, a considerar as expectativas de retorno “irrealistas”, podendo traduzir-se numa lacuna em termos de conhecimento nesta matéria. “Essas elevadas expectativas poderão deixar alguns investidores desapontados ou resultar em que falhem os seus objetivos financeiros, como poupar para a reforma”, refere. No entanto, considera “encorajador” que 88% dos investidores globais e 91% dos investidores portugueses queiram aprofundar os seus conhecimentos sobre investimento. Em Portugal, os investidores querem aumentar esse conhecimento especificamente sobre impostos favoráveis (40%), investimentos com potencial positive (33%) e classes de ativos e o seu posicionamento numa carteira de investimentos (29%).
Em relação à atual incerteza da política e a certos eventos internacionais que podem provocar alguma instabilidade, 60% dos investidores portugueses inquiridos não quer correr mais riscos agora, enquanto 52% diz não deixar que a política e os eventos mundiais afetem os investimentos efetuados. No entanto, 51% interpreta estes acontecimentos como oportunidades de investimento.
Carla Bergareche diz ainda que a Schroders considera “encorajador que, em comparação com o ano passado, vemos investidores a alargarem o seu horizonte de investimento”, sendo que, em média, os investidores portugueses conservam os seus investimentos por 2,8 anos, mais que os 2,2 anos de 2016 e mais perto da media de 3 a 5 anos recomendada pelos especialistas experts.