Na Europa, os recursos captados pelo capital de risco aumentaram 36,3%, para 74,5 mil milhões de euros no final do ano.
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Segundo os dados divulgados pela Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) relativos ao ano de 2016, os operadores nacionais de capital de risco tinham, no final do ano, aproximadamente 4,6 mil milhões de euros de ativos sob gestão (que incluem participações sociais, outros financiamentos, liquidez, posições sobre derivados e outros ativos), o que representa um crescimento de 10,5% em relação ao final do ano anterior. Considerando apenas o conjunto das participações sociais e de outros financiamentos, assistiu-se a um decréscimo de atividade de 4,2%, que foi compensado pela variação positiva ocorrida no conjunto dos depósitos e outros meios líquidos e dos outros ativos afetos a capital de risco.
Os fundos de capital de risco (FCR) continuaram a manter um papel de relevo, quando comparados com a participação direta das sociedades de capital de risco (SCR). O aumento do investimento das SCR e dos FCR ocorreu, principalmente, em depósitos e outros meios líquidos e em outros financiamentos afetos ao investimento em capital de risco, ao mesmo tempo que se assistiu a um desinvestimento em participações em sociedades anónimas. Este desinvestimento foi mais acentuado em sectores como o comércio e a reparação de veículos automóveis e motociclos, as atividades de informação e comunicação, as atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, e sobretudo as SGPS do setor não financeiro (o sector mais importante, com 35,0% do investimento realizado pelos operadores de capital de risco). Na Europa, os recursos captados pelo capital de risco aumentaram 36,3%, para 74,5 mil milhões de euros no final do ano.
O capital de risco é uma forma de financiamento particularmente relevante para empresas com elevado potencial de crescimento e sobretudo com modelos de negócio ainda por testar. Na economia portuguesa, caracterizada por um tecido empresarial constituído essencialmente por pequenas e médias empresas, e dada a redução dos empréstimos concedidos a instituições de pequena dimensão, o financiamento obtido através das SCR e dos FCR representa uma alternativa ao crédito bancário. O investimento em capital de risco permite recapitalizar as empresas participadas, desenvolver processos de produção e distribuição mais eficientes, criar emprego e valorizar o setor. Contudo, o peso do capital de risco no PIB nacional continua a ser reduzido (2,5%).
As operações de reorientação estratégica ou de recuperação de empresas (turnaround) permaneceram enquanto as mais relevantes, mas viram o seu peso relativo cair (quer no investimento em private equity quer no investimento total no sector). Essas operações corresponderam a cerca de quatro em cada dez euros de investimento em private equity e a quase metade do investimento do sector. As operações de expansão e de venture capital (seed capital, start-up e early-stage) canalizaram um em cada cinco euros do investimento do sector em Portugal. A atividade de venture capital continuou a deter menor peso relativo face à de private equity. Os operadores de capital de risco revelam pouca apetência para investir em projetos inovadores, com elevado risco e em fase de arranque. O investimento em empresas na fase startup (investimento no capital de pequenas empresas em processo final de instalação) permaneceu reduzido, embora tenha recebido metade das operações de investimento em venture capital. Esta é uma situação bastante diferente da existente na Europa, onde o segmento de start-up absorveu quase metade da atividade do capital de risco.
Os operadores de capital de risco continuaram a ter um valor significativo dos seus investimentos em sectores menos propensos à geração de maior valor acrescentado. Os dois principais sectores são as SGPS não financeiras, que canalizaram cerca de 1,2 mil milhões de euros do valor total de investimento, e a indústria transformadora (que, não obstante um menor peso relativo, foi responsável por 392,7 milhões de euros do investimento realizado via FCR e por cerca de 11,2% do total do sector). No entanto, ambos os segmentos viram o seu peso relativo diminuir em resultado do forte aumento do investimento em atividades imobiliárias (associado à recuperação do mercado imobiliário). O investimento das SCR é sobretudo aplicado em atividades financeiras e de seguros.