Investimento em UP de fundos cresce em carteira de fundos de pensões do Banco de Portugal

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Créditos: Jeremy Thomas (Unsplash)

A sociedade gestora de fundos de pensões do Banco de Portugal teve de lidar com as mesmas questões que outras congéneres em 2020. No relatório e contas da entidade referente ao ano passado, referem que no período de maior instabilidade dos mercados algumas medidas foram tomadas. “Foram reforçados os procedimentos de acompanhamento da evolução dos indicadores de risco de crédito e de mercado, bem como o controlo do cumprimento dos limites de investimento legais e internos estabelecidos”, indicam no documento.

O valor global dos fundos de pensões sob gestão fixou-se próximo do já reportado em 2019: nos 2.108,48 milhões de euros. Ao fundo de pensões de benefício definido corresponderam 2.081,22 milhões de euros, enquanto o de contribuição definida fechou 2020 com 27,23 milhões de euros de montante gerido.

A carteira própria da entidade é a outra fatia de investimento executada pela entidade, e que no final de 2020 valia 3,27 milhões de euros, valor próximo de um ano antes. A sua alocação sofreu mudanças em 2020. Por um lado, falam de um aumento da exposição a dívida supranacional (+2,7 pp) e paragovernamental (+3,9 pp). Por outro, da redução da exposição a dívida privada (-7,4 pp), a dívida pública (-2,8 pp) e a fundos de investimento de ações (-1,4 pp).

Assim, no final de 2020, a carteira encontrava-se investida em dívida pública (57,5%), dívida supranacional e paragovernamental (23,3%), fundos de investimento em dívida privada (13,5%), fundos de investimento em ações (2,5%) e liquidez (3,3%).

 Instrumentos de taxas de juro dominam no fundo de benefício definido

Ao nível da carteira do fundo de pensões de benefício definido, a entidade relata que esta foi alvo de uma “análise e acompanhamento permanente, com vista à identificação do grau de exposição a diferentes tipos de risco”. Neste sentido, selecionaram um referencial para a estrutura da carteira do fundo em 2020, designado benchmark estratégico. Esse benchmark, apontam, determinou a estrutura da carteira, embora tenham assumido “alguns desvios orientados pelo objetivo de incorporar expectativas de curto prazo de evolução dos mercados”.

Segundo a entidade, a carteira apresentou, à semelhança da carteira estratégica de referência, “investimento em futuros sobre obrigações da área do euro e futuros sobre ações, cujos valores nacionais expressos em percentagem do valor de mercado total do fundo representaram, em média, +2,0% (posição longa) e +3,4% (posição longa), respetivamente”.

A exposição agregada a instrumentos de taxa de juro, incluindo futuros, foi, em média, de 85,1%, superior em 4 p.p à registada em 2019. A exposição agregada a instrumentos sujeitos ao risco acionista, incluindo futuros, foi, em média, de 7,7%, inferior em 1,3 pp à registada em 2019.

Assim, no final de 2020, a alocação do fundo era a seguinte: 83,8% em instrumentos de taxa de juro e liquidez, 5,3% em ações e 10,9% em imobiliário. Apresentava ainda exposição a futuros sobre obrigações da área do euro e futuros sobre ações, correspondente a, respetivamente, 2,0% (posição longa) e 3,4% (posição longa) do valor de mercado total da carteira de ativos.

Contribuição definida: exposição a ações sobe

No caso do fundo de pensões de contribuição definida, e tal como já tinha acontecido, em 2019, o fundo voltou a incrementar a sua exposição acionista. “O fundo registava no final de 2020 uma exposição a instrumentos com exposição aos mercados acionistas de 24,1%, superior em 3,7 p.p. à observada no final de 2019”, escreve.

investimento em unidades de participação de fundos de investimento mobiliário (exchange-traded funds) e futuros sobre índices de ações. Esta exposição acionista, segundo escrevem, “consubstanciou-se no investimento em unidades de participação de fundos de investimento mobiliário (exchange-traded funds) e futuros sobre índices de ações que replicam o desempenho de índices acionistas de referência”. Para gestora do banco de Portugal, o uso destes instrumentos permite “uma elevada diversificação da exposição ao mercado acionista, promovendo a mitigação do risco específico”. Apontam também que “o recurso a futuros sobre índices de ações facilita ainda, no caso das ações cotadas em moeda estrangeira, a cobertura do risco inerente à variação das respetivas taxas de câmbio face ao euro”.




 

A exposição do fundo a emitentes soberanos representou em média 76,3% do total da componente de instrumentos de taxa de juro do fundo.

O número de unidades de participação de fundos de investimento também se incrementou no fundo face a 2019. No final de 2020 valiam 7,14 milhões de euros na carteira do produto.