Joachim Fels (PIMCO): “Os próximos cinco anos serão de menor rentabilidade e mais volatilidade para os investidores”

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A pandemia obrigou a gestora PIMCO a recorrer ao formato digital para apresentar a 35ª edição do seu Secular Outlook, no qual explica as perspetivas da gestora tanto para o médio quanto para o longo prazo. A apresentação esteve a cargo de Joachim Fels, assessor de economia global da empresa, que começou por explicar as quatro grandes disrupções que a pandemia de COVID-19 se encarregou de acelerar: o auge da China, o aumento do populismo que vai continuar a crescer a par das desigualdades económicas, a tecnologia e as mudanças climáticas.

Estas quatro tendências disruptivas serão, a seu ver, as que vão marcar não só a evolução da economia durante os próximos, mas também a evolução dos mercados. E lança um aviso aos investidores: “Os próximos cinco anos serão muito diferentes para os investidores face aos últimos cinco, já que vamos passar de grandes rentabilidades com pouco volatilidade para menores rentabilidades com mais volatilidade”.

Uma das razões que argumenta para justificar porque é que os próximos anos serão complicados para os investidores, obedece à estimativa económica da gestora para este período. “Vamos passar de ter tido um crescimento baixo nos últimos dez anos para um crescimento ainda mais baixo durante os próximos cinco”, afirma, ao mesmo tempo que considera que a incerteza irá aumentar e que isso se vai traduzir numa maior cautela das empresas no momento de investir.

O especialista acredita que a situação monetária continuará a ser acomodatícia tanto a curto como a médio prazo. Tanto que no relatório que a gestora publicou é referido que as taxas na maioria das economias desenvolvidas se vão manter nos níveis atuais ou até mais baixos nos próximos três a cinco anos. Não é claro se a flexibilização monetária conseguirá, contudo, aquilo que é quase sempre o seu primeiro objetivo: impulsionar a inflação, algo que, segundo Fels, parece estar agora mais nas mãos dos Governos do que dos bancos centrais. “Friedman enganou-se quando disse que a inflação era um fenómeno monetário, é agora um fenómeno fiscal”, afirma.

Com este incerto panorama económico, a pergunta é obrigatória: o que pode fazer um investidor para maximizar a rentabilidade da sua carteira? As principais apostas da PIMCO passam pela combinação de crédito com o investimento em emergentes, incluindo a China, ainda que insista na importância de ser seletivo tanto no momento de eleger as empresas como emissões.

Ao fim e ao cabo, defende que todas essas disrupções que o coronavírus acelerou vão deixar uma “longa lista de empresas perdedoras e uma muito curta de empresas vencedoras”, o que se conhece também como o fenómeno do winner takes it all, ao mesmo tempo que alerta que no caso das obrigações assistimos a uma “intensificação da zombificação” como consequência da resposta das autoridades monetárias, que não discriminaram entre empresas financeiramente sólidas e não sólidas no momento de estabelecer as suas ajudas fazendo com que, segundo aponta, “muitas empresas não produtivas sobrevivem quando não deviam”.