"Os investidores estão muito pessimistas em relação ao Brasil mas, embora seu desempenho económico tenha desapontado, ainda há muitas oportunidades para se ganhar dinheiro no país", considera Robert Klein do JPMorgan Alternative Asset Management, divisão da gestora norte-americana especializada em 'hedge funds'.
Num relatório publicado com o braço brasileiro de gestão de activos do JP Morgan AM, a Gávea Investimentos, a entidade afirma que consumidores ainda "em boa forma", avaliações de activos mais razoáveis e uma geografia vasta e diversificadas são algumas das vantagens do Brasil.
"Num mundo com crescimento de 3% a 3,5%, ainda há oportunidades interessantes para o Brasil", sublinhou Robert Klein.
Nas últimas semanas, as acções, obrigações e moeda do Brasil enfrentaram um forte movimento de vendas, em parte devido à perspectiva pouco animadora de crescimento e à inflação persistente. No ano passado, o produto interno bruto cresceu apenas 0,9% e a expectativa de recuperação para este ano está a perder força, com as projecções a indicarem uma expansão de apenas 2,5%. A taxa anual de inflação está nos 6,5%.
Além disso, o governo da presidente Dilma Rousseff foi fortemente criticado no ano passado pela forte interferência em vários segmentos económicos, em especial pela forma onerosa que renegociou as concessões do sector elétrico.
No exterior, a desaceleração da China pesou no sentimento, visto que o gigante asiático é um grande consumidor de 'commodities' brasileiras e a melhoria das perspectivas nos EUA faz com que muitos temam que a Reserva Federal comece a desfazer sua política de estímulos, que tem sustentado os mercados emergentes.
"O Brasil e a América Latina de forma geral não deverão ver uma repetição de um 'boom' de 'commodities' liderado pela China, que no passado criou um ambiente favorável para o crescimento, a acumulação de reservas, redução da dívida e redução da inflação", diziam no relatório.
O JPMorgan "continua bem optimista" em relação aos consumidores brasileiros, que beneficiaram do aumento do emprego e dos salários. Enquanto muitos economistas se preocupam com o aumento do endividamento dos consumidores, o JPMorgan Alternative AM não acha que seja esse o caso.
"Vemos criação de riqueza", disse Chris Meyn, sócio na Gávea Investimentos, gestora controlada pelo JPMorgan. "A classe média é robusta e há crédito." Diante disso, a Gávea tem uma visão positiva de empresas expostas a consumidores, em especial de sectores como vestuário e cosméticos, comentou Meyn na entrevista publicada pela Exame Brasil.
No Brasil, o JP Morgan AM administra 15,7 mil milhões de dólares, sendo a Gávea Investimentos responsável pela gestão de uma parte desse montante (cerca de 7 mil milhões de dólares).