Embora não se atravesse a prever o ponto mais baixo do mercado, o gestor da Evli diria que, nos níveis atuais, as emissões curtas apresentam um ponto de entrada interessante.
Os riscos latentes no mercado são uma coisa e as avaliações são outra. O investidor deve encontrar o equilíbrio entre a incerteza e o preço. E na opinião de Juhamatti Pukka, nos níveis atuais, as emissões na parte curta da curva apresentam um interessante ponto de entrada. “A perspetiva é cada vez mais incerta, mas isso já está a ser refletido no preço. Não vejo que a parte curta da curva tenha espaço para corrigir muito mais”, diz o responsável de Obrigações da Evli.
Não é que Pukka tire importância à ameaça de um período de estagflação ou de uma recessão. Com efeito, está atento às novas pressões nas cadeias de abastecimento resultantes da nova onda de confinamentos na China e da guerra na Ucrânia. “Os investidores estão à espera disso desde o último trimestre de 2021”, insiste. Esta correção deve ser posta em perspetiva. As yields das obrigações estão a mudar-se para os níveis de verão de 2020 ou final de 2018. Estamos no mesmo cenário de quando ainda não havia vacinas? O gestor defende que não. “A dada altura chegaremos ao ponto mais baixo do mercado. Embora não me atreva a prever quando será, sinto-me confortável a pensar que está perto”, afirma.
Atualização do Evli Short Corporate Bond
Outro argumento que apoia a visão positiva de Pukka é o terreno em que as suas carteiras se movem. O Evli Short Corporate Bond, fundo com Rating FundsPeople, está focado na parte curta da curva. “E aqui o mais importante quando se investe é o facto de o emitente devolver o seu dinheiro”. Com isso em mente, está confortável com os fundamentais das empresas após a crise causada pela pandemia.
Atualmente as melhores oportunidades encontram-se no segmento crossover de crédito. Isto é, na faixa de classificação BBB e BB. Geograficamente, os maiores pesos estão em dívida da Finlândia, Alemanha e Suécia. Por setores, destacam-se os serviços imobiliários, banca e serviços financeiros. Um ponto de destaque são os 14% que têm em obrigações de taxa flutuante na carteira do Evli Short Corporate Bond.
Também é preciso estar ciente da tradição deste fundo de investir em dívida sem classificação creditícia. Como recorda Pukka, não são obrigações mais arriscadas. Pelo contrário. São empresas com ampla capacidade de financiamento que não consideram necessário pagar os custos de uma empresa de rating para receber liquidez. Um bom exemplo é a Ferrari, uma das mais prestigiadas marcas de automóveis. Atualmente estas obrigações sem rating pesam 17% da carteira, embora seja uma ponderação que foi reduzida pela menor emissão deste tipo de dívida.