No âmbito do Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa a CMVM apresenta a relação entre o conhecimento financeiro dos portugueses e a sua capacidade para fazer face a despesas de emergência.
“O melhor investimento que alguém pode fazer é investir em si mesmo”. Esta famosa frase do mítico investidor Warren Buffett provavelmente já nos passou pelos olhos algumas vezes sem nunca perder a validade. De facto, o próprio Oráculo do Omaha afirma que este é o único investimento capaz de bater qualquer outro, e é inclusive resistente à inflação. Para um comum investidor isto pode passar por estudar e procurar saber mais sobre mercados, economia e sobre o mundo que nos rodeia. Contudo, para um cidadão comum, investir em si mesmo pode simplesmente passar por saber mais sobre… investimento, poupança e outros temas financeiros. E, de acordo com um estudo revelado pela CMVM, o retorno desse investimento pode surgir de forma bastante evidente.
Na sequência do Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa foi realizado um estudo com base nas respostas obtidas, e que tem como premissa averiguar a existência de uma possível relação entre o nível de literacia financeira e os níveis de poupança. “Espera-se que indivíduos com níveis elevados de literacia financeira efetuem com maior probabilidade escolhas acertadas em termos de finanças pessoais (como é o caso da poupança) e que possuam melhor preparação financeira para fazer face a choques de rendimento”, pode ler-se no Relatório sobre os Mercados de Valores Mobiliários do regulador.
O inquérito inclui um conjunto de sete questões que permitem aferir o conhecimento financeiro (compreensão de conceitos como juros simples, compostos, inflação, valor temporal do dinheiro, ilusão monetária, retorno dos ativos, risco e diversificação), tendo mais de metade dos inquiridos respondido corretamente a cinco ou mais questões. Além do mais, 630 inquiridos (representando 63,4% das respostas válidas) referiram conseguir fazer face a uma despesa inesperada equivalente ao rendimento de um mês, sem pedir dinheiro emprestado e sem pedir ajuda à família ou aos amigos.
Assim, a partir da estimação de um modelo logit em que a variável dependente é igual a um quando o indivíduo possui poupança de emergência para fazer face às despesas de um mês (e igual a zero quando tal não se observa), concluiu-se que “o conhecimento financeiro aumenta a probabilidade de o indivíduo possuir alguma poupança de emergência para fazer face a um choque de rendimento”.
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Educação como caminho para mais poupança
Segundo o regulador, “estes resultados empíricos reforçam a importância do desenvolvimento de abordagens eficientes de educação financeira que permitam aumentar o nível de literacia financeira das populações”. Nesse sentido, a promoção da literacia financeira tem recebido uma importância crescente ao nível nacional, principalmente através de iniciativas como o Plano Nacional de Formação Financeira, promovido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.