Lorena Martínez-Olivares (J.P.Morgan AM): “O maior interesse sobre os ETF nos próximos anos recai sobre os produtos de gestão ativa”

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“O maior interesse sobre os ETF nos próximos anos recai sobre os produtos de gestão ativa”, assegura Lorena Martínez-Olivares, responsável de vendas de ETF na J.P.Morgan Asset Management  para Portugal e Espanha. A sua afirmação é fundamentada por um recente inquérito realizado no primeiro semestre do ano pela J.P.Morgan AM a 240 investidores profissionais de todo o mundo. O estudo revelava que os ETF ativos são as estratégias nas quais os clientes se vão mostrar mais interessados durante os próximos dois ou três anos. Concretamente 49% destacava os ETF ativos de ações e 29% os de obrigações. É por esse motivo que a gestora centrará o seu esforço no desenvolvimento deste tipo de estratégias.

Numa entrevista concedida à Funds People, Martínez-Olivares explica como é que a entidade, que começou a comercializar fundos cotados na Península Ibérica no ano de 2017, e que a nível global já conta com 32.000 milhões de dólares em ativos sob gestão, repartidos por 55 produtos, incorporou estes veículos nos seus motores de gestão. “Na J.P.Morgan AM não criámos uma equipa específica de criação e gestão de ETF, mas incorporámos equipas de gestão existentes. Isto é, as nossas equipas de ações de gestão ativa são as que se encarregam de lançar os ETF ativos de ações e de obrigações. Para nós o ETF é simplesmente um veículo”.

Desde a irrupção do negócio dos fundos cotados, a entidade quis quebrar o vínculo do ETF com a gestão passiva. “Toda a gente relaciona os ETF com a gestão passiva, mas na realidade um ETF corresponde às siglas Exchange Trading Fund. A palavra passiva não aparece em lado nenhum. Temos ETF que apenas replicam um índice, mas há alguns que nem sequer o têm. Na indústria de ETF devemos dar ao cliente uma vantagem competitiva. No nosso caso, através da incorporação dessa gestão ativa e do aproveitamento das nossas equipas, experiência e recursos lançámos estratégias com baixo tracking error (em torno de 1%) com as quais gerar uma rentabilidade líquida superior à do índice”.

Na sua opinião, isto é importante em obrigações, onde “dotar estes produtos de um motor de análise próprio permita gerir a duração e a qualidade creditícia para superar o índice, é um valor acrescentado”. O exemplo mais claro de até que ponto esta estratégia pode funcionar viveram-no em meados do ano, com os seus ETF de obrigações emergentes. A gestora recorreu à banca de investimento da J.P.Morgan, que se encarrega de criar os índices de obrigações emergentes, para ajustar esse índice em função de três filtros: liquidez, risco e crédito. Isto fez com que o universo se reduzisse de 700 para 400 emissores, ficando excluídos países como a Argentina e a Venezuela, o que no verão passado permitiu aos seus ETF superar o JPM EMBI em 30 pontos base.

É nas estratégias de obrigações que a J.P.Morgan AM está a basear o seu crescimento no negócio de ETF. Concretamente, o maior sucesso comercial da gestora centra-se nos produtos de dívida de curta duração, no $ Ultra Short nos EUA e o Euro Ultra Short na Europa. São os produtos que conseguiram alcançar um maior património a nível global. “Quando o investidor conta com muita liquidez em carteira, como é o caso, procura produtos de curto prazo que consigam pagar mais e que, além disso, tragam menores custos. Vivemos um contexto em que é preciso lutar por cada ponto base de rentabilidade, tanto para o ganhar, como para assumir menores custos”, sublinha Martínez-Olivares.

As obrigações são onde a entidade tem perspetivas de crescimento mais favoráveis. “Ainda que as ações sejam o mercado onde há um maior volume em ETF, as taxas de crescimento em obrigações são muito elevadas. E aí estamos muito bem posicionados com estratégias entre a gestão ativa e passiva, mas também mais tradicionais, que a quatro pontos base oferecem exposição a distintas partes da curva, mercado americano... Aí o valor acrescentado é ser competitivo no preço”: A gestora dispõe de uma equipa de mercados capitais que trata de tornar a réplica o mais eficiente possível, que se encarrega até de ajudar os clientes a analisar qual é a melhor forma de operar.

Martínez-Olivares mostra-se convencida de que o uso dos ETF de obrigações irá mais longe. “O interesse é cada vez maior. A política dos bancos centrais arrasta-nos para que isto seja assim. As taxas baixas vão continuar durante muito tempo, pelo que devemos continuar a ser inovadores e criativos para pôr à disposição dos investidores soluções que respondam às suas necessidades”, reconhece.

Isto não só se circunscreve às obrigações. Também afeta as ações, onde a empresa prevê realizar um importante esforço a nível de inovação, concretamente nos temáticos, onde lançaram o Theme Bot, uma ferramenta que permite identificar que temática faz sentido em cada momento. É a segunda área na qual, segundo o inquérito da J.P.Morgan AM, se centrará o interesse dos clientes no próximos anos.