Mercado acolhe bem a extensão das maturidades da dívida pública portuguesa

parque eduardo vii lisboa portugal
Créditos: Kit Suman (Unsplash)

A República Portuguesa realizou  esta quarta-feira uma operação de troca de dívida na qual absorveu duas emissões com maturidades em 2023 e 2024 em troca de outras duas com maturidades em 2028 e 2037. Como comenta Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa, “através desta operação foi possível retirar pressão nas amortizações de mais curto prazo, passando essa responsabilidade para o longo prazo”. 

Mais além, o profissional alerta para o facto de o “custo a que estas operações foram realizadas, está abaixo da média histórica de Portugal, o que permite, baixar a média dos juros pagos por todo o endividamento nacional”.

As emissões compradas foram-no a yields de -0,69% e -0,67%, respetivamente, (1.080 milhões de euros e 281 milhões de euros) e as vendidas foram executadas a -0,23% e 0,47%, respetivamente, (1.025 milhões de euros e 336 milhões de euros) sendo que em ambas as emissões assistimos a uma descida das taxas, segundo o profissional do Carrregosa. 

“Na perspetiva do investidor, este consegue trocar o investimento em dívida soberana portuguesa com yields negativas para uma rentabilidade positiva. Também prova que os investidores continuam a acreditar na recuperação da economia portuguesa, uma vez que estão a estender a maturidade dos seus investimentos”, indica Filipe Silva. 

As emissões soberanas continuam a ser uma parte relevante das carteiras de muitos investidores particulares e institucionais. No entanto, vemos também um movimento de procura por yield, como é exemplo o setor dos fundos de pensões e que se traduz num crescimento no peso das obrigações corporativas nas carteiras. 

Dizia recentemente Luís Alvarenga, CFA, gestor da BPI Gestão de Ativos que “em obrigações, os retornos não são só gerados pelo carry. Existem outras formas de gerar performance”. Dizia então que é possível dizer que “as obrigações governamentais têm uma correlação  inferior  a um com os portefólios de ações” e que por isso acredita que “existe espaço para esta classe de ativos na construção de uma carteira diversificada”.