Os mercados emergentes oferecem oportunidades de investimento atrativas em 2024, impulsionadas por eleições, reestruturações de dívida e políticas monetárias, apontam as gestoras internacionais.
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Os mercados emergentes estão a mostrar sinais de recuperação e oferecem oportunidades atrativas para os investidores em 2024, segundo assinalam alguns especialistas. Com políticas monetárias flexíveis, reformas económicas em andamento e um contexto de desinflação, estes mercados estão bem posicionados para capitalizarem tendências globais, apontam as gestoras internacionais. Como assinala Gillian Edgeworth, estratega de Macroeconomia na Wellington Management: “Não esperamos um forte choque no crescimento à medida que a menor inflação e as taxas de juro mais baixas impulsionam o poder de compra dos consumidores e das empresas”.
A atratividade da dívida emergente num mundo de baixas yields
Num contexto global de baixas yields, a dívida dos mercados emergentes apresenta-se como uma alternativa atrativa para os investidores à procura de maiores retornos. Guillaume Tresca, estratega sénior de Mercados Emergentes na Generali Investments, oferece uma perspetiva interessante: “As valorizações das obrigações dos mercados emergentes têm estado no limite desde o final de 2023, mas os recentes movimentos das taxas e da taxa de câmbio abriram oportunidades”.
Guillaume destaca que, embora as valorizações em geral estejam ajustadas, existem oportunidades, especialmente no espaço de high yield dos mercados emergentes. No entanto, avisa que “estas oportunidades tendem a ser mais impulsionadas por idiossincrasias, difíceis de prever por natureza”.
A resiliência dos emergentes num contexto volátil
Os mercados emergentes têm demonstrado uma capacidade notável de adaptação face às turbulências económicas globais. Carlos de Sousa, gestor e analista na Vontobel AM, destaca este ponto forte: “Os spreads dos mercados emergentes contraíram, apesar das saídas significativas. Vemos mais potencial quando as entradas voltam a esta classe de ativos, e acreditamos que se trata de uma questão de quando, e não de se vão voltar”.
Esta contração dos spreads, mesmo num contexto de saídas de capital, sugere uma confiança subjacente na solidez fundamental destes mercados. Carlos de Sousa também assinala a melhoria nos ratings creditícios e a implementação de reformas económicas em vários países emergentes, que podem atrair investidores à procura de oportunidades de crescimento.
Além disso, Daniela Savoia, gestora de fundos de Mercados Emergentes na Edmond de Rothschild AM, acrescenta: “A volatilidade geopolítica atualmente observada na Europa e nos EUA também sustenta um argumento de diversificação para os mercados emergentes”. Apesar das oportunidades, os mercados emergentes não estão isentos de desafios. A recuperação económica da China foi menos dinâmica do que o esperado devido a problemas imobiliários e à falta de estímulos significativos. No entanto, outros países como a Índia e o México têm demonstrado um desempenho sólido graças ao fortalecimento dos seus setores industrial e tecnológico.
China e os mercados transfronteiriços
A diversidade dos mercados emergentes oferece um amplo espetro de oportunidades de investimento. Johan Van Geeteruyen, diretor de Investimentos de Ações Fundamentais na DPAM, assinala que “a China superou surpreendentemente os EUA e o Japão até agora este ano, com uma valorização extremamente baixa, o regresso das entradas estrangeiras, a diminuição do excesso de mercado, retornos atrativos e a promissora resposta da política governamental”.
No entanto, o diretor também alerta para os desafios que a China enfrenta, inclusive a crise imobiliária e a possível agitação comercial adicional. Por outro lado, Leo Morawiecki, especialista associado em Investimento em Obrigações na abrdn, destaca o potencial dos mercados transfronteiriços: “Elevadas yields nominais e o atrativo carry em países como o Paquistão, a Nigéria, o Quénia e o Egito fazem com que estes mercados estejam a chamar a atenção dos investidores, e merecem ser considerados para o investimento”.
Expetativas de crescimento e políticas monetárias
Os especialistas concordam que as políticas monetárias dos bancos centrais dos mercados emergentes têm sido mais flexíveis e eficazes em comparação com os seus homólogos dos mercados desenvolvidos. Dan Scott, responsável de Multiativos na Vontobel AM, destaca: “Quando a inflação mundial acelerou pela primeira vez, os bancos centrais dos mercados emergentes foram mais rápidos no momento de subir as taxas de juro”, mas, além disso, assinala que os rácios de dívida sobre o PIB são, em muitos casos, melhores do que os dos seus homólogos desenvolvidos, o que torna atrativo o retorno da dívida dos mercados emergentes.
A desinflação e as reformas económicas estão a desempenhar um papel fundamental na melhoria das perspetivas para os mercados emergentes. Stephen Li Jen, CEO da Eurizon SLJ Capital, assinala que “a desinflação mundial sem recessão deverá constituir um cenário favorável também para os mercados emergentes, inclusive para a China”. Além disso, há vários países a implementar reformas económicas que estão a reduzir os riscos e a melhorar a estabilidade financeira. Carlos De Sousa menciona: “Há vários países que estão a promulgar reformas económicas positivas, e a contração dos spreads permitiu aos emitentes de high yield recuperarem o acesso ao mercado, reduzindo consideravelmente os riscos de incumprimento”.