M&G olha para o seu futuro: Europa continental, institucionais e mercados ilíquidos

Andrea Rossi e Joseph Pinto
Andrea Rossi e Joseph Pinto. Créditos: Cedida (M&G)

Sob nova direção, a M&G entra na seguinte etapa do seu negócio. Nos últimos 12 meses, o grupo britânico nomeou um novo CEO, Andrea Rossi, e um novo responsável para o negócio da gestora, Joseph Pinto. Num recente evento com jornalistas europeus, ambos os executivos refletiram sobre o futuro da gestora britânica, como estão a abordar o seu crescimento e como se estão a adaptar às novas necessidades. “É mais importante do que nunca estar próximo do cliente. Muitas das fórmulas que funcionavam no mercado há dois anos já não funcionam neste novo regime. Isso significa que temos de trabalhar com os clientes para definirmos em conjunto a sua alocação de ativos”, defende Joseph Pinto.

Não é a primeira vez que Andrea Rossi e Joseph Pinto trabalham juntos. Os dois cruzaram caminhos na AXA IM, onde ajudaram a impulsionar o negócio. Andrea Rossi como CEO e Joseph Pinto em diferentes cargos de responsabilidade a nível global, incluindo diretor de operações (COO), responsável de Mercados e Estratégia de Investimento e responsável de Desenvolvimento de Negócio para o sul da Europa e Médio Oriente. “Crescer! Já o fizemos no passado e voltaremos a fazê-lo”, afirma Andrea Rossi.

Foco na internacionalização e em institucionais

A entidade definiu duas frentes de crescimento. Por um lado, procuram a internacionalização do seu negócio. O Brexit foi um catalisador involuntário, mas a gestora aceitou a mudança e agora planeia crescer na Europa continental. E, para isso, o Luxemburgo será um hub essencial para o seu desenvolvimento; a sua porta de entrada para o velho continente. A entidade já gere quase 100.000 milhões de euros em ativos através do Luxemburgo, divididos por todas as classes de ativos, mas a sua previsão é que continuará a ganhar peso no seu negócio total.

Também contam com um produto potente no seu arsenal: o Prufund. Este multiativo pretende oferecer ao cliente uma experiência suavizada (em termos de volatilidade), mas diversificada a todo o mercado. Com uma componente importante em ativos privados (25% da carteira), o produto tem sido um sucesso nos seus primeiros passos na Europa. Após ser lançado na Itália, a gestora quer agora introduzi-lo em mercados como França ou Alemanha. Mas o objetivo final é levá-lo para o resto da Europa. “Queremos que o Prufund esteja em todos os lares europeus”, afirmam Andrea Rossi e Joseph Pinto.

Mas o Prufund é um produto de seguro, não um fundo de investimento. É precisamente por isso que a M&G também se prepara para entrar em novos segmentos de clientes. O mercado de wholesale tem sido tradicionalmente o seu forte na Europa e agora quer conquistar os institucionais, como seguradoras e pensões. “As seguradoras são um aliado natural para o nosso negócio, uma vez que precisamos de capacidade de distribuição. Na Europa continental, o mercado segurador é muito doméstico, são eles que têm essa porta para falar diretamente com o cliente”, explicam.

Crescimento em obrigações públicas e privadas

Quanto à classe de ativos, como muitas gestoras, a M&G também sente que os mercados privados serão um importante catalisador para o crescimento do seu negócio nos próximos anos. Andrea Rossi sente que tem dois ingredientes necessários para triunfar no segmento e quer desempenhar um papel relevante na democratização dos ativos privados.

“O Grupo M&G tem um negócio de gestão de ativos, seguradora e banca privada. E o que é mais importante, são três negócios equilibrados, todos igualmente importantes para o nosso ecossistema. Somos um dos players europeus líderes em ativos privados, precisamente graças a estes três pilares”, afirma.

Para o CEO, o facto de poder alavancar-se no balanço da sua própria seguradora sob a marca M&G é decisivo para o futuro do seu negócio. Com 89.000 milhões de euros em ativos privados, a M&G está a tornar-se um interveniente de referência no mercado, especialmente no europeu.

Impulsionar as obrigações

Mas a gestora também planeia continuar a reforçar a sua principal área de expertise: as obrigações. “Temos três equipas muito fortes em obrigações preparadas para um mercado em que as taxas de juro se estão a normalizar”, defende Joseph Pinto.

São duas áreas em que o CEO da M&G sente que tem “o direito de ganhar quota de mercado”. “O interesse pelo risco diminuiu. Temos visto muitos fluxos para monetários, mas agora os investidores vão procurar subir um pouco mais na escala de risco. Por isso, acreditamos que nos dá vantagem estarmos bem posicionados em obrigações e dívida privada”, explica.

Uma terceira vaga de aceitação do risco, de procura por ações em geral, virá, afirmam Joseph Pinto e Andrea Rossi, mas mais a médio prazo. É nas ações japonesas onde detetam especial interesse.