Mithran Sudhir (Goldman Sachs AM): “As perspetivas para os mercados emergentes estão mais construtivas”

Mithran Sudhir Goldman Sachs AM
Mithran Sudhir. Créditos: Cedida (Goldman Sachs AM)

Para Mithran Sudhir, gestor de carteiras de clientes da equipa de Ações Fundamentais Emergentes da Goldman Sachs Asset Management, “as perspetivas para os mercados emergentes serão mais construtivas no futuro do que foram em exercícios anteriores”. O profissional atribui essa melhoria a três fatores: a reabertura da China, os preços das commodities e o progresso da indústria de semicondutores.  Além disso, as avaliações também dão apoio, “dado o desequilíbrio entre a queda acentuada dos preços e a evolução dos resultados”.

Fundamentais

Na visão de Sudhir, vamos ver uma melhoria nos fundamentais. Com um PE de 10 face a uma média histórica de 12,7, há oportunidades nos mercados emergentes e, além disso, as empresas agora têm maior qualidade.  No entanto, as tensões geopolíticas, como a relação Taiwan-China, ou o progresso da guerra na Ucrânia, continuarão como pano de fundo e, enquanto o teto de aumentos de taxas de juro não for atingido, o dólar continuará a ter suporte.

Este universo de investimento sofreu algumas alterações no ano passado. Num extremo, a bolsa turca foi coroada como uma das mais rentáveis do mundo, acolhendo a procura de investidores nacionais que procuravam refúgio das elevadas taxas de inflação. No outro extremo, a Rússia saiu de índices e carteiras. Sudhir não nega que isso tenha tido impacto no investimento em commodities, embora a sua equipa prefira jogar com essa exposição “através de empresas de consumo que beneficiam desse aumento de receitas na economia dos países como um todo”.

China

Sobre a China, Sudhir acredita que continua sub-representada nos índices, dado o seu peso no PIB global. Embora o crescimento económico não seja o das últimas décadas, a sua qualidade será melhor. “Aos poucos os fundos vão investir mais na China, o seu peso no índice mundial pode chegar aos 21%”, diz. O especialista alerta ainda que neste mercado é preciso continuar a ter em conta a diferença na estrutura acionista entre Hong Kong e a China e o problema de muitas empresas não serem cobertas pelos analistas.

Mithran Sudhir considera que as empresas onshore são mais atrativas do que as offshore. Muitas têm um comércio online altamente desenvolvido e têm uma logística extremamente eficiente”, afirma. Além disso, há temas muito interessantes como a energia limpa, com muitos produtores de componentes específicos e de qualidade, ou os carros elétricos, cuja fabricação é liderada pelo gigante asiático. No entanto, não podemos perder de vista o ambiente geopolítico e a pressão dos EUA sobre a China em questões como a tecnologia e os semicondutores, ou que a produção de certos bens não receberá mais subsídios americanos devido à entrada em vigor da Lei de Redução da Inflação.

Índia

Quanto à Índia, Sudhir está fascinado com a sua capacidade de crescimento. "É um mercado em que 50 milhões de pessoas ingressam no mercado de trabalho todos os anos e que está em busca permanente do que será rentável, embora ainda faltem muitas reformas económicas de longo alcance”, afirma. Além disso, o potencial dos investidores nacionais é mais do que notável. “Graças aos planos de poupança sistemáticos, a proporção de fundos nas carteiras dos aforradores passou de 2,6% para 5%, mas ainda há um longo caminho a percorrer se compararmos com o peso do ouro, de 16%”, detalha. Há futuro, mas, neste momento, as avaliações estão, na sua opinião, algo elevadas.