Sebastián Velasco, diretor geral da Fidelity para a Península Ibérica, explica numa entrevista com a Funds People a sua visão da indústria, como experienciam na gestora o atual período de turbulência e os objetivos que foram definidos na casa de investimento.
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O interesse pelo fundos veio para ficar. Assim acredita Sebastián Velasco, diretor geral da Fidelity para a Penínsual Ibérica, que considera que a indústria está a atravessar um bom momento que se prolonga por três anos. “Os números mostram que os investidores valorizam o fundo como veículo de investimento muito mais que há uns anos. Entendem melhor as suas vantagens e isso resulta em parte do trabalho realizado pelos diferentes agentes. Para as entidades, o fundo converteu-se numa prioridade estratégica. Antes, as redes tinham objetivos focados num determinado fundo. Agora estes tendem a ser mais objetivos que englobam um conjunto de fundos, uma prática que tem sido muito benéfica para a indústria”, assegura Velasco na sua entrevista à Funds People.
No entanto, o fenómeno mais importante que se produziu nos últimos anos foi a mudança de mentalidade dos investidores na sua atitude perante o risco, algo que foi evidente durante os episódios de volatilidade de agosto e do princípio do ano. “ Nesses períodos, a minha expectativa era de que os reembolsos, tanto para a Fidelity como para o resto do sector, tivessem sido muito maiores do que foram. E, se bem que é certo que foram meses com resultados líquidos negativos, estes volumes estiveram muito longe do que vimos em condições de mercado semelhantes há cinco anos. Isto deve-se ao facto do investidor entender muito melhor agora que a volatilidade faz parte do mercado e também ao trabalho feito os consultores, agentes e gestores comerciais junto dos mesmos clientes, informando-os sobre o contexto no qual se produziram as quedas e a convenniência de não reduzir a sua exposição de forma brusca. Nós temos insistido nesta ideia, mas o verdadeiro valor está em que sejam eles que o transmitam aos seus clientes”.
A psicologia do investidor não é o único tema no qual a Fidelity tem estado a trabalhar. Como consequência da volatilidade dos mercados, na gestora têm sentido a necessidade de estar muito perto dos seus distribuidores e explicar-lhes como veem da empresa o impacto que a volatilidade está a ter nas decisões dos gestores, assim como em que medida se está a ter em conta as opiniõesdos seus analistas sobre as empresas que acompanham. Do ponto de vista da oferta dos produtos que comercializam, na entidade percepcionam uma grande procura por estratégias mais conservadoreas, tando em ações globais orientadas para a geração de dividendos (FF Global Dividendo e FF European Dividend, principalmente) como no que respeita a produtos mistos que tenham um max-drawdown muito limitado e que se centram em ativos focados na distribuição de rendimentos (FF Global Multi-Asset Income). “Tem sido una tendência claríssima”.
“Queremos ser vistos como uma casa que oferece soluções de investimento em todas as classes de ativos e em todos os momentos do mercado. O peso dos ativos no nosso negócio confirma que assim está a acontecer. Vivemos da nossa capacidade para gerar alpha. Nos últimos doze meses, 71% dos nossos fundos ficaram no primeiro quartil. É um indicador muito importante para saber se estamos a cumprir com o mandato que nos atribuiu o investidor quando decidiu incorporar um dos nossos fundos na sua carteira. Mas é importante que se entenda que estamos posicionados muito além dos fundos de investimento, o eixo fundamental do nosso negócio. Um cliente pode falar conosco para encontrar uma solução de investimento que pode, ou não, passar por um fundo. A solução pode-se materializar num produto à medida, um mandato, um assessoramento na sua gestão de ativos, do ponto de vista da alocação de ativos...”.
Os objetivos que se fixaram nos escritórios são três: melhorar a valorização dos clientes, crescer em vendas e diversificar o património. “A nível pessoal, o mais importante é que os nossos clientes valorizem o nosso trabalho. Quando lhes perguntas, são muito claros, identificando os aspetos que temos que melhorar. Como resultado dos seus pedidos introduzimos muitas melhorias no serviço, por exemplo pondo à disposição as fichas de produto com maior antecedência (agora uma semana antes), reforçámos a informação que incluímos nas mesmas, melhorámos a nossa página web e levamos agora os nossos agentes a locais com que não tínhamos. Também reforçámos a nossa gama de produtos de fixed income e mistos, sendo que estamos focando nesta última categoria”. Atualmente, a gestora tem 6.000 milhões de euros, sendo que entre 5% e 10% corresponde a Portugal.Cerca de 70% do património está em estratégias de ações e o resto reparte-se entre fixed income e produtos multiativo.
A nível profissional, tem-se visto uma necessidade de entender quais são as classes de ações que a Fidelity coloca disposição para os distintos segmentos de clientes a que se dirigem. Neste sentido, o novo enquadramento normativo que se avizinha estaria a começar a ter efeitos sobre a indústria. “Os distribuidores entendem que têm que se posicionar como assessores dependentes ou independentes. Isso obriga a fazer uma reflexão sobre como querem participar no mercado e está a contribuir para que haja uma maior informação ao investidor sobre quais são as estruturas de comissões que se aplicam aos fundos de investimento que compram. Como resultado da nova regulação, há um esforço para baixar as comissões de gestão dos fundos, tanto nos que se dirigem a institucionais como os que se dirigem a grossistas, enquanto que por parte dos distribuidores se está apotenciar a formação deas redes para poder explicar muito bem qual é o valor do assessoramente dependente ou independente”.