Negócios de nova geração numa carteira conservadora

Touro Wall Street Bull Market
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Mario_Gonz_C3_A1lez__Capital_Group“A única coisa que é notícia é a ausência de volatilidade nos mercados”. É a afirmação peremptória de Mario González, managing director para a Península Ibérica do Capital Group quando questionado sobre a recente volatilidade dos mercados de ações. “Há mais de 18 meses que os mercados não mostravam qualquer volatilidade e nós achamos que a volatilidade é saudável e normal. Cria dispersão no mercado. Empresas que se comportam melhor do que outras, sectores que apresentam melhor performance... é um contexto muito bom para gestores de ativos de qualidade que têm assim a oportunidade de fazer melhor do que o índice”, expõe. No entanto, como profissional de uma casa norte-americana com perto de 100 anos de história, Mario González vê os mercados da maior economia do mundo mais perto do final do ciclo do que do início, mas não prevê uma recessão ou qualquer tipo de correção agressiva nos próximos tempos. “No geral vemos um panorama extremamente benigno de crescimento das economias e dos lucros das empresas, e vemos na recente correção uma oportunidade para o mercado respirar”.

Olhos no longo prazo

Os movimentos de mercado a curto prazo não são uma preocupação para Mario González, que integra uma casa de investimentos com uma visão assumida de longo prazo. Não só remuneram os gestores com base nos seus resultados a cinco ou oito anos, como um dos fundos bandeira da casa - o Capital Group New Perpective Fund - tem já uma história de 44 anos de outperformance para comprovar o sucesso da estratégia. “É um fundo com um turnover de apenas 25%. Metade das posições estão há mais de 5 anos em carteira, e um terço há mais de 8 anos. São 44 anos, 80 mil milhões de dólares sob gestão e 7 gestores que se complementam entre si e que fazem deste fundo uma história de sucesso”, explica. É também o único fundo da categoria global de ações classificado como Gold e é reconhecido com o selo Funds People com a dupla classificação de Favorito dos Analistas e Blockbuster.

Mas o segredo do sucesso vai mais além da perspectiva de longo-prazo. Desde o seu início e a cada momento da sua história, os diferentes gestores do fundo investem com um grande enfoque em empresas multinacionais. “Não falamos de multinacionais clássicas industriais, mas sim de empresas globais de seguinte geração. Negócios baseados em novas ideias, tecnologia e gestão de dados, que são disruptivas nos seus respectivos sectores”, explica. A Amazon, por exemplo, representa a maior posição de convicção atualmente e já está em carteira desde 2007. Seis dos sete gestores do fundo estão investidos no título. Por outro lado, o fundo está claramente subponderado no sector financeiro. “Estamos subponderados em bancos globais há dez anos e tem-se revelado uma decisão correta. No entanto, gostamos de empresas de serviços financeiros”, explica, dando como exemplo a CME (Chicago Mercantile Exchange): “É o maior mercado de futuros do mundo. Um negócio muito robusto, multinacional e, além disso, num contexto de stress dos mercados beneficiaria de um aumento do consumo de produtos derivados. É, portanto, um hedge natural!”

A relevância dos emergentes

Os mercados emergentes não passam ao lado da carteira do Capital Group New Perspective Fund. “O conceito do fundo é agnóstico no que se refere à localização das empresas. Achamos que a localização é cada vez mais irrelevante, especialmente quando falamos de multinacionais”, comenta. A alocação direta a mercados emergentes não chega a um sexto da carteira. Empresas como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, Naspers, AIA e Vale são algumas das posições mais relevantes da mesma. No entanto, a exposição económica do fundo é mais reveladora da importância dos mercados emergentes no negócio das multinacionais e essa atinge um terço da carteira, quando medida pelas receitas.

Esta abordagem é apelidada por Mario González de “conservadora”, não pelo carácter dos seus componentes, mas sim pelas características defensivas de um portefólio que se apresenta menos sensível à volatilidade do mercado. É também um fundo que deu 12% de rentabilidade anualizada em 44 anos – mais 4% que o índice. “Com menos volatilidade que o mercado – sobretudo em mercados em queda - e menos volatilidade que a própria concorrência”.