O Global Strategist da Allianz GI apresenta-nos o seu balanço sobre o atual estado da economia global, as ameaças e oportunidades implícitas, e o que nos reserva de futuro.
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Na sua mais recente passagem por Lisboa, Neil Dwane, Estratega Global da Allianz Global Investors, fez um balanço do estado da economia global, enumerando as ameaças, oportunidades e convicções de investimento que guiam as suas decisões na atual conjuntura. China e EUA, política monetária europeia, disrupção tecnológica e o investimento sustentável estão entre os temas mais dominantes da sua análise.
Perspetiva Estratégica
“A economia global é, neste momento, uma economia de baixo crescimento”. É este o cenário inicial traçado pelo estratega para enunciar as características atuais do contexto económico. Segundo a estimativa do FMI, observamos um crescimento a uma taxa de 3%, o que contrasta com os 6% que se verificavam nos tempos que antecederam a crise financeira de 2008. “Na altura, qualquer crescimento abaixo dos 4% era visto como uma recessão”, relembra Neil Dwane. Consequentemente, têm-se observado cortes constantes nas taxas de juro por parte dos bancos centrais, de forma a restabelecer os níveis de crescimento desejados. Como explica o estratega, esta prática tem como contrapartida a mitigação dos retornos nos investimentos de menor volatilidade (depósitos e obrigações governamentais), forçando os investidores a uma maior exposição ao risco de forma a obter alguma rendibilidade.
Ao ponderar estas ocorrências, o Estratega Global da Allianz GI antecipa que “os investidores terão de assumir uma abordagem ativa porque os retornos de mercado (beta) serão muito baixos, e provavelmente serão afetados pela volatilidade proveniente do ciclo político, geopolítico e económico”.
Ameaças
A par do pessimismo económico vigente, o estratega encontra ainda outros pontos de tensão e imprevisibilidade que poderão contribuir para o agravamento desse estado. Desde logo, o tema inevitável - mas não resolvido – do Brexit. Segundo Neil Dwane, ele próprio britânico, “o adiamento da saída, ainda que compreensível, está a «matar» a economia do Reino Unido”, obrigando os seus habitantes a tomar providências por um longo período de tempo, o que resulta numa diminuição no consumo e investimento internos.
Estas consequências naturalmente alastram para a Europa, que enfrenta desafios que vão para além da saída do Reino Unido da União Europeia. Surgem à cabeça a desvalorização da moeda única e o arrefecimento do mercado de capitais que, segundo o estratega, são vítimas da instabilidade política vigente no espaço europeu.
Por fim, do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, permanece a incerteza no que toca à reação da Fed a uma potencial recessão económica, assim como no que diz respeito às tensões com a China. Neil Dwane prevê que “existe uma probabilidade 50/50 de haver um acordo ou uma guerra”, com a intransigência de ambos os governos a pautar o conflito.
Oportunidades e Convicções de Investimento
Ainda que o cenário global não seja, no geral, positivo o estratega não deixa de identificar oportunidades e tendências nas quais a Allianz GI se sustenta para definir a sua estratégia de investimentos.
O investimento sustentável surge, inevitavelmente, como uma dessas tendências, mas também como um argumento a favor da gestão ativa. “Uma coisa é certa: se investirmos num index fund ou ETF estamos a condenar o mundo a perder a transição energética, pois estamos a alocar dinheiro para o «mundo antigo», repleto de carvão, petróleo, etc”, sentencia o estratega, referindo-se ao facto dos benchmarks “clássicos” não estarem alinhados com o “two degree celsius limit”. Abre-se aqui uma oportunidade para as gestoras ativas com o desenvolvimento de índices sustentáveis e low-carbon benchmarks.
Outro conjunto de oportunidades provém da China que, nas palavras de Neil Dwane, “tem sido o principal input de crescimento no mundo”. Tem-se assistido a uma alteração dos hábitos de consumo dos seus nativos, que agora estão entre os principais consumidores de bens discricionários e de luxo do mundo, assim como a uma libertação das dependências a outros países e recursos, tal como o petróleo. Prevê-se que o país asiático se torne mais autossuficiente nos próximos anos, o que pode resultar em complicações para as nações que dele dependam a nível económico (exportações, etc.).
Por fim, o estratega enumera a evolução demográfica, a disrupção tecnológica e a emancipação das novas gerações (Millennials e Gen Z’s) como megatendências, que marcarão alterações latentes nos padrões de comportamento da sociedade e na forma como serão alocados recursos no futuro.