Novo ciclo na temática da robótica: a deslocalização e a tensão geopolítica como um novo vento favorável

Peter Lingen. Pictet AM
Peter Lingen. Créditos: cedida (Pictet AM)

A pandemia, as tensões geopolíticas e a guerra na Ucrânia acrescentaram pressão sobre as cadeias de abastecimento e aos governos. As empresas estão cada vez mais interessadas na deslocalização, o que está a impulsionar a procura de fabrico automatizado avançado, investimentos em robots e soluções relacionadas, visão artificial, infraestrutura na nuvem e conetividade, segundo identifica Peter Lingen, cogestor do Pictet Robotics

Assim, uma área industrial que está a ganhar força é a dos robots colaborativos, os cobots. São robots mais inteligentes, pequenos, baratos e fáceis de integrar, inclusive para as PME. E esta não é a única novidade no mundo da robótica. A automatização de processos empresariais através de soluções de software administrativo está a ganhar popularidade, como comenta Lingen.

Além disso, a IA vai impulsionar um novo ciclo de investimento, com um crescimento significativo do hardware especializado em semicondutores. “Juntamente com os grandes modelos de linguagem, isto requer grandes quantidades de dados e potência de processamento, surgindo a necessidade de semicondutores, capacidade de memória e largura de banda, o que beneficia empresas com soluções, equipas e ferramentas para o desenvolvimento de chips. Além disso, continuamos a assistir a mudanças para a eletrificação e digitalização dos cuidados médicos”, aponta o cogestor.

E estas tendências já são notáveis nas contas de resultados. Segundo Peter Linden, as empresas de software continuam a registar uma expansão de margens, e as empresas de equipamento para semicondutores, como a ASML, beneficiam do aumento contínuo de capacidade. No setor automóvel, os investidores estão à espera do aumento da procura, mas na equipa gestora estão otimistas relativamente a determinadas empresas de semicondutores com exposição a este setor e ao industrial. “Os veículos sem condutor estão longe de serem massivamente viáveis, mas já incluem sistemas avançados de assistência ao condutor, com procura de semicondutores avançados. Segundo a Gartner, em 2031, cada automóvel terá semicondutores incorporados no valor de 1.550 dólares”, comenta o especialista.

Desta forma, em termos gerais, continuam a ver um forte crescimento secular e estão otimistas com as suas posições, dados os fundamentais e as valorizações favoráveis. “Além disso, a atividade de fusões e aquisições pode voltar em 2024 para as empresas sólidas cujas valorizações não recuperaram da recessão de 2022”, sublinha.

 O que esperar do Pictet Robotics

O Pictet Robotics conta com Rating FundsPeople 2024 por ser um produto blockbuster no mercado ibérico. Além de Peter Linden, a equipa gestora é composta por Daegal Tsan, Francresco Pighini e Stanislas Buatti.

Lançada em 2015, é das estratégias temáticas centradas na robótica com mais longevidade do mercado. Desde o início que procura aproveitar o potencial de toda a cadeia de valor da robótica, automatização e IA, incluindo tecnologias facilitadoras. Além disso, o fundo tem em conta empresas com aplicações em cuidados de saúde e a robótica de consumo.

Quanto à construção da carteira, os gestores procuram fazer uma seleção com diversificação suficiente para mitigar os riscos de empresas ou de tecnologias, mas também com concentração suficiente para refletir uma alta convicção, tendo em conta que alguns segmentos podem ser mais promissores do que outros e que a tecnologia pode mudar muito rapidamente.