O novo modelo de comissionamento da Fidelity

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OTA Photos, Flickr, Creative Commons

No passado mês de outubro demos conta de que algumas gestoras estavam a redefinir os seus modelos de comissionamento. A fórmula idealizada por algumas das entidades procura alinhar os interesses dos gestores com os dos seus clientes, vinculando a cobrança de comissões aos resultados oferecidos pelos produtos. Isto permitirá, assim, cumprir um duplo objetivo: por um lado, satisfazer as exigências dos clientes que, quando pagam pela gestão ativa, exigem resultados superiores aos oferecidos pelos produtos de gestão passiva, e, por outro lado, concorrer com os ETF e fundos indexados, depois de, nos Estados Unidos, estas estratégias terem registado uma quota de mercado de 40% sobre o total do património gerido pela indústria. A Fidelity é uma das entidades cujo modelo de comissionamento está numa fase mais avançada.

O seu novo sistema de tarifas foi denominado de Comissão de Gestão Variável. Funciona como uma escala gradual e possibilita uma forma dupla de partilhar o risco e a rentabilidade. A gestora reduzirá em 0,10% a comissão anual de gestão nas novas classes de ações com a Comissão de Gestão Variável. A parte variável da comissão será maior ou menor consoante o fundo supere ou seja superado pelo índice de referência previamente acordado, líquido de comissões e gastos. Esta escala terá um máximo de +0,20% sobre a comissão anual de gestão (nível superior) e um mínimo de -0,20% abaixo da comissão anual de gestão (nível inferior). Os níveis máximos e mínimos da comissão serão alcançados quando um fundo supera ou é superado pelo índice de referência correspondente em +2% ou -2% em taxa anual, calculado sobre um período contínuo de três anos.

Um aspecto importante é que a comissão só começará a aumentar acima do nível inicial quando o fundo superar o índice de mercado líquido de comissões e gastos. A gestora ilustra a Comissão de Gestão Variável para um fundo com uma comissão anual de gestão de 0,80%. Este exemplo indica que num fundo com uma comissão anual de gestão atual de 0,80%, esta poderá descer até aos 0,50%, se o fundo se comportar pior que o mercado, ou subir até aos 0,90% se a gestora bater o índice de referência, o que é apenas mais 0,10% relativamente à comissão atual no caso da rentabilidade ser superior, mas de menos 0,30% no caso da rentabilidade ser inferior.

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A Comissão de Gestão Variável da Fidelity terá início a 1 de março de 2018, inicialmente nas classes de ações sem retrocessões (limpas) de cinco fundos de ações de gestão ativa (para sete classes de ações no total) na gama de fundos de investimento ativo. Os fundos afetados são o Fidelity America, Fidelity Emerging Markets Focus, Fidelity European Growth, Fidelity European Larger Companies e Fidelity World Fund. Posteriormente, a gestora introduzirá progressivamente outras classes de ações em toda a sua gama de fundos. Os clientes com carteiras segregadas, incluindo as instituições e os investment trusts, terão acesso a uma versão personalizada deste novo modelo de comissões.

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Allianz Global Investors, outra das pioneiras

A Fidelity não é a única entidade que tem o seu novo modelo de comissionamento numa fase avançada. A Allianz Global Investors, por exemplo, já começou a aplicá-lo nos Estados Unidos. O desenhado pela entidade alemã está baseado numa filosofia que condiciona o pagamento de uma comissão de êxito apenas sobre os produtos que conseguiram oferecer uma rentabilidade acima da obtida pelo índice. A implementação deste novo modelo de comissionamento está a ser feita através do lançamento da gama AllianzGI PerfomanceFee Fund. A estrutura de tarifas que é aplicada depende diretamente do êxito alcançado pelo gestor na hora de bater o índice de referência. Até ao momento, a entidade aplica o modelo em três estratégias que começaram a ser comercializadas nos Estados Unidos recentemente: AllianzGI PerfomanceFee Structured US Equity; AllianzGI PerformanceFee Structured US Fixed Income Fund; e AllianzGI PerformanceFee Managed Futures Strategy Fund.

No caso do fundo de ações americanas, se o gestor não for capaz de oferecer uma rentabilidade acima da gerada pelo S&P 500, não será cobrada qualquer comissão ao investidor. Será aplicada, por outro lado, uma comissão de até 120 pontos base se a rentabilidade do fundo superar o S&P 500 em 250 pontos base. No futuro, a gestora fixou o objetivo de aplicar o novo modelo em todas as estratégias que tenham como benchmark um índice de referência replicável. Consideram que este caminho é o correto e o mais justo para os investidores, se bem que é também evidente que pressupõe um desafio duplo para a entidade, uma vez que, por um lado, a gestora se expõe a uma potencial queda de rendimentos, enquanto que, por outro, os gestores sentirão uma maior pressão para superar os índices