O prémio de rentabilidade proporcionado ao investir em ações através das boutiques

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Crisp-13, Flickr, Creative Commons

O duelo entre gestão ativa e gestão passiva eclipsou um debate mais profundo dentro do grupo de profissionais e investidores que apoia procurar bater o índice: se é mais eficaz através de grandes grupos de gestão de ativos ou apostar em pequenas casas especializadas. Um estudo da Affiliated Managers Group destaca as vantagens que uma estrutura de boutique oferece em comparação com as capacidades de escala de um grande gestor.

Com os dados dos últimos 10 anos, o relatório argumenta que a estratégia média de uma boutique resultou melhor do que uma empresa não-boutique em 10 das 11 categorias de ações analisadas. A rentabilidade adicional anual geral foi de 62 pontos base, como demonstrado no gráfico abaixo, mas especialmente notável no segmento de Ações US Small Cap Value (+162 pontos base) e de Ações de Mercados Emergentes (+108 pontos base).

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As boutiques também souberam criar valor face aos índices. Face aos múltiplos relatórios que demonstram que a maioria dos gestores ativos não bate o mercado, o relatório fornece números que demonstram que as boutiques institucionais de ações, em média, bateram o seu índice, líquido de comissões, nas 11 categorias estudadas. Nesse período geraram um retorno anual médio de 135 pontos base. No caso da bolsa americana small cap (tanto growth como value), o retorno adicional supera os 2%.

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Conseguem-no, também, com uma frequência razoável: bateram o seu índice em 57% dos anos durante as duas últimas décadas. A estatística subiu aos 80% no caso das ações de mercados emergentes e até aos 70% no caso de ações americanas small cap value e small cap core. E fazem-no de forma consistente no tempo. 54% das vezes em que num ano bateram o seu índice, voltaram a fazê-lo no ano seguinte.

Para a associação por trás do estudo, existem cinco fatores que explicam o melhor retorno: um alinhamento de interesses, uma gestão multi-geracional, uma cultura empreendedora, uma organização centrada no investimento e um compromisso com a construção de uma marca duradoura. “Na indústria de investimentos é muito frequente ver um gestor mover-se de uma empresa para outra. Se a empresa é propriedade dos empregados, a estabilidade é, habitualmente, muito maior, e o incentivo para se mudar é notavelmente menor. Além disso, a motivação e determinação para fazer as coisas bem é muito mais potente”, comenta nesta linha Javier Sáenz de Cenzano, da AZ Valor.

A análise da associação americana Affiliated Managers Group estudou mais de 1.300 gestoras a nível global e quase 5.000 estratégias de ações que no seu conjunto representam 7 biliões de dólares em ativos sob gestão. Analisaram retornos a um ano rolling durante 20 anos (de 31 de março de 1998 a 31 de março de 2018) ao longo de 11 categorias. Foram incluídas estratégias liquidadas para eliminar o viés de sobrevivência.