O problema do risco país

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fortinbras, Flickr, Creative Commons

Num dos painéis da terceira edição da Via Bolsa (evento organizado pela Euronext Lisbon e com o Alto Patrocínio da Presidência da República) realizada na Escola-Naval, no Alfeite, foi discutido o papel dos investidores e essencialmente o que procuram numa empresa.

Para Paulo Freire de Oliveira, CEO e CIO da BPI Gestão de Activos, é muito simples a resposta a esta questão: “os investidores procuram retorno”. O profissional da gestora de ativos referiu, também, que é preciso mudar a mentalidade dos investidores. “Em Portugal, a mentalidade ainda é muito conservadora. Dois terços dos investimentos realizados por investidores particulares são de muito pouco risco, sendo que nos institucionais o risco também é diminuto”, continua Paulo Freire de Oliveira.

É necessária alguma reeducação no investimento, e neste momento, com as taxas de juro em torno de zero, muitos investidores vão perceber que existem outras alternativas de investimento”, continua o especialista da BPI Gestão de Activos. Continuando o seu discurso e focando no mercado de fundos de pensões, o profissional destacou que este mercado “não cresce, sobretudo porque não é estimulada a poupança. É necessário haver incentivos para as pessoas começarem a investir de outra forma, sobretudo em fundos de pensões”, referiu.

Um problema chamado Portugal

Tentar convencer as empresas a entrar no mercado de capitais como uma alternativa de financiamento é tendencialmente complicado. Se juntarmos então as questões dos requisitos mais exigentes, a obrigatoriedade de divulgar informação ou a eventual perda do controlo, torna-se ainda mais complicado. Ainda assim, para os especialistas há um novo motivo que torna difícil a entrada na bolsa de valores: a percepção do risco do país. Paulo Freire de Oliveira destaca mesmo que é a “primeira barreira para o investimento”. O CEO e CIO da BPI Gestão de Activos refere mesmo que "ganhar tempo de antena junto dos investidores internacionais para investir em Portugal" é um dos maiores desafios no seu dia-a-dia de reuniões com investidores.

Também Alvier Almeida, Vice President da Petrus Advisors – que está sedeada em Londres – refere que o “mercado nacional é percebido pelos investidores como um mercado de periferia", com todos os riscos inerentes a esta denominação.

O investimento na BPI Gestão de Activos

Paulo Freire de Oliveira referiu, também, que a BPI Gestão de Activos é uma “casa de investimento com uma filosofia de investimento fundamental baseada na avaliação das empresas”. Não participam na gestão das empresas em que investem, ficando apenas atentos aos assuntos de “governance””. Em Portugal coloca-se sempre a questão de dimensão e da profundidade do mercado. Fazer investimentos "abaixo dos dez milhões de euros é complicado" em fundos com alguma dimensão. Para este exemplo, o CEO e CIO da BPI Gestão de Activos refere que um ticket abaixo de 10 milhões de euros, numa carteira com alguma dimensão pode fazer diferença em termos do risco reputacional, sem no entanto o fazer em termos de retorno”.