O Partido Liberal Democrático (PLD) dirigido pelo seu novo líder, o primeiro-ministro Fumio Kishida, obteve uma vitória mais folgada do que o esperado, algo que foi muito bem acolhido pelo mercado de ações nipónico, que subiu mais de 2%.
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O Japão celebrou eleições. E o Partido Liberal Democrático (PLD), dirigido pelo seu novo líder, o primeiro-ministro Fumio Kishida, obteve uma vitória mais folgada do que o esperado nas eleições da Câmara Baixa celebradas no passado 30 de outubro. O seu partido conservou a maioria e a sua coligação de governo com o Partido Komei assegurou quase dois terços dos votos. “O mercado de valores parece ter acolhido com satisfação a continuidade e a estabilidade das políticas governamentais, com subidas de 2,2% para o TOPIX e de 2,6% para o Nikkei”, destacam na Invesco.
O que podemos esperar das políticas governamentais nipónicas a partir de agora? Tal como indicam na Goldman Sachs AM, os analistas políticos veem Kishida como um líder que se vai centrar mais na estabilidade e no gradual processo económico do que em reformas radicais. “É considerado conservador e fiável entre a elite política de Tóquio. Isto menciona-se como uma das principais razões da sua vitória sobre os demais aspirantes, dada a preferência dos membros do PLD pela continuidade no cargo e pela agenda estabelecida no enquadramento do Abenomics”, afirmam.
Segundo Sree Kochugovindan, economista sénior na abrdn, o principal objetivo do primeiro-ministro será a manutenção do caminho da recuperação após a crise da COVID-19, assim como o anúncio de um pacote fiscal antes do fim do ano, que se prevê que supere os 30 biliões de yenes (5,5% do PIB) e que se espera que se financie mediante a emissão da nova dívida pública. “Apesar disso, é provável que a escala global do orçamento seja bastante modesta”, afirma a especialista.
Política energética
Quanto à política energética, Kishida continua comprometido com o objetivo de neutralidade de carbono. Considera que a energia nuclear é uma opção energética verde. De facto, é partidário de reiniciar as centrais nucleares existentes após confirmar a sua segurança, assim como de construir novos reatores a médio prazo. Apesar dos seus planos de expansão fiscal, parece disposto a manter o objetivo de um orçamento primário equilibrado para 2025. “Abe fez uma promessa semelhante, mas o objetivo não foi alcançado. Será igualmente improvável com Kishida”, comenta.
Política monetária
Quanto à política monetária, Kishida parece disposto a continuar com os Abenomics até que o Japão saia da deflação. E a manter a atual flexibilização monetária e o objetivo de inflação de 2%. Não obstante, também sublinhou que o Banco do Japão deve balizar um diálogo adequado com os mercados.
“Ainda há uma certa ambiguidade quanto à sua postura sobre a liderança da autoridade monetária quando o governador Kuroda terminar o seu mandato em abril de 2023. Não obstante, os primeiros indícios sugerem que se nomeará um sucessor dovish. É pouco provável que este debate comece a sério até depois das eleições na Câmara Alta de julho de 2022”, indica Kochugovindan.
Neste sentido, as eleições da Câmara Alta são o próximo desafio político para Kishida. “O PDL não tem maioria nesta câmara e dependerá em grande medida do parceiro da coligação Komeito. Os índices de aprovação de Kishida face a julho serão um barómetro-chave nas perspetivas do partido nas eleições à Câmara Alta”, conclui.