O que está por detrás do rally nas ações chinesas

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Créditos: Humphrey Muleba (Unsplash)

Os mercados celebram a reabertura da economia da China num ano de abrandamento económico noutros países desenvolvidos. Desde 31 de outubro até 19 de janeiro, o índice MSCI China subiu 51% em dólares. Além disso, a sua moeda, o renminbi, valorizou 7% em relação à moeda norte-americana nesse mesmo período. Embora o fim das políticas de zero-COVID tenha sido um grande impulso para os ativos chineses, não é a única coisa que explica o rally, defendem Tom Wilson, responsável de Ações Emergentes, e Andrew Rymer, estratega sénior da Schroders.

Fonte: Schroders

Vemos isto, por exemplo, nas indústrias que mais cresceram. Os setores de serviços de comunicações e de consumo discricionário, os de maior peso no índice MSCI China, estão entre os três setores mais rentáveis do rally. Estes incluem empresas de internet, algumas das quais dispararam 90%, impulsionadas pela combinação de um sentimento de reabertura e uma queda das preocupações regulatórias. 

Fonte: Schroders

Valorizações da bolsa chinesa

Mesmo após o rally dos últimos meses, as ações chinesas não recuperaram todo o terreno perdido. Se olharmos para o z-score, uma medida que compara as valorizações com a média histórica, a China está barata numa série de medidas, sobretudo no preço sobre valor contabilístico e no preço sobre lucro a 12 meses. No entanto, o nível de atratividade não é tão significativo como noutros mercados emergentes, destacam os especialistas da Schroders.

Fonte: Schroders

Numa base combinada de z-score, que incorpora o preço-lucro atual, o preço-lucro esperado a 12 meses, o price-book e a yield dos dividendos, a China está barata em relação à história. No entanto, há outros mercados com valorizações mais atrativas, na opinião de Tom Wilson e Andrew Rymer.

O mesmo ocorre com a divisa. O renmimbi só está ligeiramente barato em termos de taxa de câmbio real em comparação com a sua média a longo prazo, embora seja mais de 10% mais barato quando comparado com a média dos últimos cinco anos.

Neutros na China

Desta forma, a gestora britânica está neutra com as perspetivas da China, mas é uma melhoria no seu sentimento. “Os sinais encorajadores no âmbito diplomático também são positivos para a confiança a curto prazo, mas as tensões geopolíticas continuam a ser um risco que precisa de ser vigiado de perto”, explicam.

“O impacto da política zero-COVID pesou no crescimento económico da China durante algum tempo. As pressões regulamentares dos últimos anos, associadas a questões imobiliárias e as atuais tensões geopolíticas, só exacerbaram esta perspetiva negativa", afirmam os especialistas. Agora moderaram a sua opinião negativa sobre a China até 2022, dadas as valorizações, o apoio assíncrono das políticas e a previsão de que a política de zero-COVID era insustentável.

“A supressão das restrições de COVID, juntamente com os indícios de que o Governo está focado no crescimento económico, favorece a recuperação do crescimento”, afirma. O mercado moveu-se com rapidez, mas as valorizações permanecem razoáveis e as perspetivas de lucros dos setores orientados para o mercado nacional em particular estão a melhorar.

A seleção de valores continuará a ser complexa em determinados setores, avisam Tom Wilson e Andrew Rymer. Na sua opinião, o setor exportador também continua sob pressão à medida que o crescimento mundial abranda. Além disso, o alcance da recuperação do setor imobiliário continua a ser uma fonte de possíveis surpresas positivas.