O que precisa de acontecer para que a PIMCO volte a ser construtiva em ativos de risco?

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Créditos: Shwetha Shankar (Unsplash)

De momento, a PIMCO mantém um posicionamento subponderado em ações, vira as costas aos setores cíclicos e dá preferência à qualidade no conjunto das suas carteiras de alocação de ativos. Para os próximos 12 meses, e tendo em conta o possível aparecimento de um contexto de início de ciclo posterior a recessão, a gestora assegura que irá avaliar um leque de fatores macroeconómicos e de mercado com o objetivo de fundamentar a sua visão sobre quando e como restabelecer a relação com os ativos de risco. Mas… o que precisa de acontecer para que a PIMCO volte a ser construtiva em ativos de risco?

Tal como explicam Erin Browne, gestora de Carteiras Multiativas na PIMCO, Geraldine Sundstrom, diretora-geral e gestora de carteiras na entidade, e Emmanuel Sharef, especialista em Análise do Mercado Imobiliário Residencial, para que o investimento em ativos de risco volte a ser atrativo para a entidade, devem primeiro constatar determinadas mudanças.

Fator # 1: a inflação tem de atingir o pico

Em primeiro lugar, afirmam que apenas irão confiar nas estimativas de valor razoável se existirem provas convincentes de que a inflação atingiu o pico e que as taxas de juro livres de risco se estabilizaram. 

“Embora a Reserva Federal norte-americana continue focada no combate à inflação, ainda é possível observar riscos ascendentes no caminho das subidas das taxas à medida que os bancos centrais ponderam o risco de uma aterragem brusca”, afirmam.

Fator # 2: os benefícios de uma revisão negativa

Em segundo lugar, acreditam que as estimativas de lucros corporativos à escala global continuam demasiado elevadas e terão de ser revistas em baixa, à medida que as empresas reconhecem a deterioração dos fundamentais. “As estimativas do consenso da Bloomberg sobre o crescimento dos lucros do S&P 500 para 2023 ascendem a 6%, ou a 8% se se incluir o setor energético. Além disso, as estimativas do consenso integram as expetativas de uma expansão das margens dos lucros, embora se preveja um abrandamento das receitas, bem como da procura, enquanto os custos permanecem elevados”.

De acordo com a sua análise, as estimativas do consenso da Bloomberg sobre o crescimento dos lucros contrastam com o dado de crescimento de -11% que o indicador avançado de crescimento dos lucros da PIMCO sugere. “Em termos históricos, as estimativas dos lucros por ação (EPS) diminuíram em média 15% em períodos de recessão. Isto indica que uma leve recessão pode vir acompanhada de uma queda menos pronunciada, de cerca de 5%”, indicam.

Em suma, só quando as taxas se estabilizarem e os lucros ganharem terreno é que irão considerar posicionarem-se num contexto de início de ciclo nas diferentes classes de ativos, o que provavelmente incluirá aumentar as alocações aos ativos de risco.