Depois de em junho Mario Draghi ter anunciado que o BCE estava a preparar-se para adquirir ABS (asset-backed security), anunciou agora que contratou os serviços da gestora de fundos Americana BlackRock para consultoria no desenho e implementação do programa de compra de ABS, que está integrado no programa QE, que o BCE parece estar em vias de colocar em prática.
Implementar um QE na Europa irá resultar como parece estar a resultar nos Estados Unidos?
Não é claro que tal suceda já que as economias têm características bastante diferentes. Nos Estados Unidos o facto de a Reserva Federal ter comprado activos massivamente contribuiu para um aumento da liquidez ou base monetária, mas essa liquidez não circula, não chega à economia real, servindo somente para criar fortes estímulos para a compra de obrigações e de acções.
A economia Americana tem um perfil completamente diferente da Europeia, com 60% do financiamento à economia a vir do mercado financeiro. Na Europa essa percentagem é somente de 25% com a restante fatia a ser proveniente do financiamento bancário. Por isso Draghi insiste em instrumentos alternativos de expansão da actividade económica com a criação de MRO's, LTRO's e dos novos TLTRO, que entram em vigor em setembro e que em muito se parecem com a estratégia seguida pelo Banco de Inglaterra de "fundig for lending" (financiar para emprestar).
Habitualmente o BCE é muito conservador na adopção de mudanças de política monetária, muitas vezes reagindo tarde demais. Esta postura de Draghi, alertando também os países que constituem a Zona Euro para que estabeleçam uma política orçamental que tenha um papel mais activo na retoma, foi interpretado pelo mercado como uma postura contra a austeridade, o que levou a dívida soberana em alguns países a atingir mínimos históricos, conduzindo a um enfraquecimento do Euro face ao Dólar:
Vamos esperar para ver como se desenvolvem os próximos capítulos, com o mercado a acreditar cada vez mais que a passagem à acção está para breve.