Lina Medeiros, responsável pela área de distribuição da MFS International, acredita no crescimento do mercado ibérico e realça o foco atual nos investidores institucionais portugueses.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Em entrevista à Funds People, Lina Medeiros explicou que a gestora americana à qual pertence foi fundada em 1924 e tem sob gestão cerca de 285 mil milhões de euros (dados do final de Setembro). Destes aproximadamente 16,5 mil milhões de euros pertencem à MFS Meridian Funds SICAV. Além disso sublinhou a presença da entidade em vários mercados e as mais de duas centenas de profissionais que se distribuem por escritórios espalhados pelos quatro continentes.
Quais os produtos que a MFS está a "empurrar" para o mercado português? Tendo em conta o perfil do cliente português, qual seria o vosso produto estrela para este mercado e porquê?
Como investidores posicionados no longo prazo, a nossa abordagem de investimento consiste em ajudar os nossos clientes a gerirem uma carteira de afetação de ativos alinhada com o respetivo perfil de risco. Assim, a nossa preocupação consiste não em colocar produtos específicos, mas sim em promover estratégias que apoiem uma afetação global dos ativos do cliente. Na base desta abordagem de investimento a longo prazo encontra-se a sólida plataforma de pesquisa global da MFS apoiada por mais de 200 especialistas em investimento que operam em nove localizações a nível mundial. Estes gestores de carteira, analistas e corretores estão divididos em oito equipas sectoriais globais. Tendo reconhecido o valor desta abordagem, os nossos investidores portugueses têm vindo a utilizar consistentemente o nosso conjunto de produtos de investimento de capital europeus, as nossas estratégias globais de investimento de capital e o nosso Fundo Emerging Market Debt para construírem as suas carteiras. Em Portugal, o nosso foco tem incidido principalmente sobre os investidores institucionais, quer através de um Fundo de fundos quer através de produtos associados a negócio “unit-linked”. O registo dos fundos em Portugal irá dar-nos a oportunidade de interagir com investidores do sector do retalho, o que nos permitirá construir um negócio equilibradamente repartido entre institucionais e retalho. A nossa atuação em Espanha já possui uma boa combinação de clientes de retalho e institucionais e a nossa expectativa é que o segmento de retalho venha a ganhar um maior dinamismo nos próximos anos.
Relativamente ao mercado europeu, há uma grande concentração de fluxos em muito poucos fundos. Considera que isto é positivo e que esta tendência se irá manter num futuro?
Na minha opinião, existe seguramente espaço para uma maior concorrência neste mercado, especialmente no que diz respeito às estratégias de investimento de capital. Os investidores ainda têm seguramente em mente a “bolha” do setor das telecomunicações e a crise financeira global, mas começam agora lentamente a regressar ao mercado de ações. Pensamos que o mercado português e o espanhol continuarão a crescer e a amadurecer nos próximos anos, razão pela qual estamos a apostar de forma tão significativa na região ibérica.
Como vê a evolução e distribuição de fundos na Europa? Considera que serão proibidas as retrocessões? Pode o mercado dos EUA servir de guia para o futuro da Europa?
As entidades reguladoras e os legisladores nacionais em toda a Europa, bem como os organismos da UE, estão a analisar cuidadosamente a utilização de retrocessões para financiar a distribuição de fundos na zona europeia. Contudo, acredito que a proibição generalizada do uso de retrocessões na Europa seria muito difícil de implementar devido aos diferentes modelos de distribuição existentes em cada país. Com a prevalência das retrocessões, qualquer proibição, mesmo que parcial, poderia forçar os distribuidores exclusivos a recuar a sua posição para uma distribuição alargada, ou mesmo abandonar esta posição. Pensamos que esta opção não seria benéfica para os investidores finais, uma vez que limitaria as suas escolhas. É provável que o modelo de distribuição dos EUA não possa ser importado para a Europa. O modelo da distribuição de fundos nos países é muito diferente, uma vez que cada país apresenta uma especificidade própria, pelo que é difícil extrapolar projeções com base num mercado único e homogéneo como o dos EUA.