O retorno de Neil Woodford

Neil Woodford regressou. O gestor britânico regressa à indústria da gestão de ativos menos de dois anos após o polémico fecho do seu primeiro projeto a solo. Segundo várias publicações internacionais, o infame gestor juntou-se de novo a um antigo sócio para relançar a marca Woodford. O primeiro produto deste novo percurso será um fundo de biotecnologia.

Segundo contou numa entrevia ao jornal britânico The Telegraph, Neil Woodford montará em conjunto com o seu ex-sócio Craig Newman a Woodford Capital Management Partners. O projeto vai aliar-se com a americana Acacia Research para lançar o fundo de biotecnologia, domiciliado em Jersey. O seu novo projeto já não estará orientado para investidores de retalho, mas sim para institucionais.

O que se vai repetir são algumas das ações já presentes no seu antigo fundo, o Woodford Equity Income. De facto, alguns desses ativos foram vendidos à Acacia Research, que comprou as ações no ano passado no enquadramento da liquidação do fundo. Segundo publicam no The Guardian, essas ações podem servir como base sobre a qual se vai reconstruir o novo fundo de Woodford.

A queda de um guru

A queda de Woodford culminou no fim de 2019. O ex gestor estrela da Invesco iniciou o seu projeto a solo através do LF Woodford Equity Income Fund e da sua própria gestora. O fundo passou a incorporar as listas de fundos favoritos no Reino Unido e o seu património cresceu notoriamente entre os investidores de retalho. Chegou a captar mais de 11.000 milhões nessa estratégia há três anos.

Não obstante, ao longo de 2018 e 2019 começou a ter problemas com a liquidez. O fundo estava altamente exposto a valores com baixa liquidez. Até tinha participações relevantes em empresas não cotadas. Isto tornou-se num problema grave em 2018. A rentabilidade do fundo caiu 17% nesse ano o que propiciou uma onda de reembolsos. Para os enfrentar, o gestor teve de se desfazer das suas posições mais líquidas. Isto só agravou o peso da carteira de ativos não líquidos.

Assim, o pânico continuou a ser gerado. As quedas e o ruído mediático impulsionaram reembolsos maiores. Isto levou a que em junho de 2019 fosse anunciada a suspensão temporária do fundo. Não obstante, a situação agravou-se. Uma gestora independente, a Link Asset Services, tomou as rédeas dos fundos como plano inicial de se desfazer das posições ilíquidas. Woodford foi despedido como gestor da sua própria estratégia.

Finalmente, a Link Asset Services anuciou a liquidação e fecho do LF Woodford Equity Income Fund. Uma decisão que o próprio Woodford terá criticado na entrevista do Telegraph. Alega que se lhe tivessem dado mais tempo tinha conseguido recuperar os ativos.