O Ethna-AKTIV é um dos fundos mistos mais procurados na Europa nos últimos tempos. Em entrevista, o portfolio manager fala dos pontos fortes do fundo e de perspetivas de mercado.
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Preservar capital, reduzir flutuações para mínimos e alcançar valor de longo prazo são objetivos bem-vindos em qualquer momento, mas que soam como “música para os ouvidos” na atual fase que os mercados financeiros atravessam. O Ethna-AKTIV, gerido pela ETHENEA Independent Investors S.A., é um dos produtos que se propõe a executar as máximas referidas. Daniel Stefanetti, portfolio manager na entidade, relata qual o ‘truque’ para que este produto se destaque dos outros fundos desta categoria, tão em voga nos últimos tempos. “De forma a assegurar um desenvolvimento estável e equilibrado, temos de agir de forma muito mais dinâmica do que os tradicionais fundos de alocação”, começa por referir em entrevista à Funds People Portugal.
Com um enfoque global, o fundo misto tem um objetivo de rentabilidade entre 5% e 10%, mantendo a volatilidade inferior a 6%. A este respeito o profissional assegura que “o trabalho se foca em tentar alcançar retornos estáveis ajustados ao risco, escolhendo uma estratégia de investimento equilibrada que incorpora uma diversificação variada e uma visão de longo prazo”. Vai ainda mais longe: “Olhamos para cada ativo que nos é confiado como um todo, tratando-o com tanto cuidado como se o investidor nos tivesse entregue a totalidade dos seus investimentos”, reitera.
Na ETHENEA desde outubro de 2014, Daniel Stefanetti já passou pelo Banque Centrale du Luxembourg onde foi portfolio manager, tendo anteriormente executado funções para a SZL – Gestion de Fortune como head of portfolio management, bem como no Ministério dos Serviços Públicos do Luxemburgo na qualidade de head of Pensioners Division. Atualmente, na gestão do produto em causa explica que a equipa partilha as responsabilidades. “Como portfolio managers complementamo-nos uns aos outros, e através desta perspetiva exclui-se o elemento pessoal do risco”, indica.
Reflexos rápidos
Em momentos de mercado como o que se viveu em agosto, de forte volatilidade, a equipa faz os possíveis para reagir de imediato. “O nosso processo de ajustamento é curto e faz com que possamos agir rapidamente. A liquidez atua como uma espécie de amortecedor e permite-nos rapidamente cortar nas posições de risco de uma forma flexível”, descreve, materializando um cenário específico. “Num caso de correção de mercado como o que vimos recentemente, podemos, por exemplo, aumentar a alocação a cash, e assim proteger o fundo de eventuais perdas, sendo reduzida simultaneamente a volatilidade de todo o portfólio”.
Daniel Stefanetti conta que “depois da inesperada desvalorização da moeda chinesa, experienciámos uma volatilidade histórica na maioria das classes de ativos”, sendo que neste contexto “as obrigações soberanas são uma proteção natural contra a queda dos preços do petróleo”. Justificando a atual superior exposição a obrigações em carteira (57,02% no final de agosto) face a ações (23,10%), o profissional indica que ainda veem “valor no mercado de obrigações norte-americano, em concreto no mercado de obrigações corporativas de alta qualidade”. Se por um lado com esta estratégia “conseguem em carteira ganhos de aproximadamente 150 pontos base comparativamente com as bund, por exemplo”, por outro lado, “algum risco de crédito corporativo é mais bem remunerado nos EUA do que na Europa” e, por isso, optam por estar “cautelosamente otimistas” nesta parte do mercado. Cautelosos estão também em sectores como a energia – particularmente no petróleo – enquanto se mantêm com perspetivas favoráveis em relação aos bens de consumo e à indústria farmacêutica.
China: o mal menor
Apesar de a China ter sido, sem dúvida, o grande motor da volatilidade de agosto, para Daniel Stefanetti os motivos de preocupação são outros. “Os mercados estão sujeitos a elevados níveis de volatilidade, também por causa das recentes eleições na Grécia e as que se seguem em Portugal e Espanha. Não acredito que a China vá ser a maior preocupação. Afinal de contas, um crescimento total de aproximadamente 5%-6%, apesar de menor do que os 7% falados, é um número positivo”, aponta o especialista.
No que toca à decisão da Fed de manter inalterada a taxa de juro de referência entre 0,00% e 0,25%, o especialista da ETHENEA Independent realça que após o discurso da Reserva Federal mantiveram a quota de ativos denominados em dólares e reduziram a exposição a ações”. Esperando o que apelidam de “uma taxa de crescimento um pouco silenciosa em todo o mundo”, da casa explicam que, por isso, estão “a assumir posições longas no mercado de obrigações norte-americano”, continuando “muito prudentes e extremamente seletivos em ações, reduzindo provavelmente a exposição a dólares a partir de níveis mais elevados”.