Olhos postos na China...e nos EUA

O comunicado da Reserva Federal dos Estados Unidos não trouxe surpresa alguma mas deixou a porta claramente aberta a uma subida das taxas em setembro. O Fed reconhece que a recuperação no mercado imobiliário e a subida registada no sector do emprego são motivos suficientes  ara encarar o segundo trimestre de 2015 com optimismo. Nos restantes temas, a Fed manteve o tom da reunião de junho sem revelar nenhum dos factores que podem influenciar a economia Americana, tal como a subida do dólar, a volatilidade do mercado de matérias-primas e a crise na bolsa chinesa.

Apesar do amplo pacote de medidas colocadas em prática pelo governo Chinês e pela CRMV (Comissão Reguladora do Mercado de Valores) as dúvidas sobre a evolução da bolsa chinesa continuam.

Depois de alguma calma nas semanas anteriores, esta semana iniciou-se com uma descida superior a 8%, fazendo assim aumentar ainda mais os receios de quedas mais pronunciadas.

Os dados mais recentes apontam para uma desaceleração da economia chinesa, com descidas no sector de manufactura e nas receitas dos grandes grupos industriais, mas a lógica dos pequenos investidores chineses, que movimentam mais de 80% do volume de negócios, muito raramente está relacionada com fundamentais económicos.
Por isso, será muito difícil entender e controlar o seu comportamento não me parecendo uma solução viável o facto de a CRMV ter assegurado que as instituições financeiras chinesas irão continuar a adquirir acções para estabilizar o mercado. Esta postura visa reforçar a confiança dos pequenos investidores, que na sua grande maioria não entende muito de mercado e comporta-se de maneira errática.

Outros dados interessantes para tentar perceber o porquê das quedas abruptas e do comportamento errático:

Em 2004, investidores na bolsa com menos de 30 anos eram 27%, em 2013 eram 36%, neste momento, depois do mercado bolsista se ter tornado três vezes maior entre 2013 e 2015, 62% dos participantes têm perto de 30 anos, acesso a crédito para investimento em acções e poucos conhecimentos do mercado financeiro.

Estes investidores tendem a buscar lucro rápido e são especialmente agressivos quando se trata de comprar acções com dinheiro alheio. A ilusão de que as cotações se vão manter sempre em alta, patrocinada pelo governo Chinês, faz lembrar o Presidente da República de Portugal antes de um certo aumento de capital...

Destaque ainda para a descida do preço do petróleo

O acordo nuclear alcançado na semana passada com o Irão teve claramente impacto nos preços do petróleo. Neste momento o Irão encontra-se decidido a ganhar de novo quota de mercado e irá aumentar a sua produção, sem preocupação com o preço uma vez que as suas reservas são muito grandes.

O mercado antecipa já no preço o aumento da oferta por parte do Irão e o abrandamento do procura por parte da China. Aparentemente, os Estados Unidos estão prontos a sacrificar a sua industria de petróleo de xisto em troca de um melhor controlo da zona do médio oriente.

(imagem: dtwash, Flicker, Creative Commons)