Operadores do ramo vida aumentam a oferta de produtos de poupança ligados a fundos de investimento

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Créditos: Daniel Roe (Unsplash)

Colocando os olhos no ano passado mas também no futuro, a ASF lançou o Relatório do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões de 2020. Numa retrospetiva sobre o impacto da COVID-19 no ano de 2020, a entidade escreveu sobre a envolvente macroeconómica e conjuntural no mercado segurador e de fundos de pensões atual. Da penalização de emitentes que fazem parte das carteiras, à pressão sobre as métricas de solvência, de frisam a crescente oferta em produtos ligados aos fundos de investimento.

Sustentabilidade dos níveis de endividamento

Segundo o regulador, “quer os custos de financiamento, quer o agravamento dos riscos de crédito associados aos emitentes soberanos e privados merecem particular atenção”. Por um lado, dizem, poderá ser exercida pressão “sobre a sustentabilidade dos níveis de endividamento”, por outro, poderão existir interferências negativas na “valorização de mercado dos títulos associados”, o que teria impacto nas carteiras de investimento do setor segurador e dos fundos de pensões.

 Embora as ações de política monetária tenham sido eficazes no combate aos efeitos da pandemia, a ASF entende que essas ações revelam “efeitos colaterais importantes”. Mais concretamente em relação “ao nível do prolongamento do ambiente de taxas de juro persistentemente mais baixas e respetiva dissociação face ao comportamento das principais variáveis macroeconómicas de base”. O regulador aponta, por exemplo, “vulnerabilidades suscetíveis de gerarem amplas correções nos preços dos ativos”.

Emitentes que podem ser penalizados

O setor segurador nacional apresenta “atributos específicos”, e os fatores anteriormente referidos vão coexistir com essas especificidades do setor. A ASF lembra, por exemplo “a elevada representatividade nas carteiras de ativos de um leque restrito de emitentes passíveis de penalização em caso de fragmentação dos mercados financeiros. Em concreto falam de alguma “concentração de exposições em ativos, em termos creditícios, na fronteira de investment grade”. A este nível, existiria uma particular penalização, “caso as principais agências de notação financeira procedessem a revisões descendentes generalizadas”.

Pressão sobre métricas de solvência

De fora da análise da ASF não fica o ambiente de baixas taxas de juro. Um contexto “desafiador para a rendibilidade do setor segurador e do setor dos fundos de pensões, particularmente no que toca ao retorno auferido nos títulos de dívida de preponderância central nas carteiras dos operadores”. Juntamente com “a evolução da estrutura temporal de taxas de juro sem risco, publicada pela EIOPA, que constitui a referência para o desconto dos passivos das empresas de seguros”, o referido atrás constitui o que apelidam ser uma pressão sobre as métricas de solvência e de valorização das responsabilidades.

Aumenta oferta de produtos ligados a fundos de investimento

Em destaque nas perspetivas do regulador esteve também o ramo vida segurador. A ASF aponta que o ambiente de baixas taxas de juro acabou por conduzir a uma mudança de negócio. Explicam que se regista a “opção estratégica dos operadores do ramo Vida para a oferta de produtos de poupança ligados a fundos de investimento (em que se verifica uma partilha significativa do risco de investimento com o tomador de seguro). A entidade fala mesmo de “um crescimento assinalável” a este nível.

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