Nas suas perspetivas para 2020, José Carvalhinho, diretor da Silcarv Consulting, considera que há uma maior probabilidade de uma aceleração da economia global no próximo ano do que uma hipotética recessão.
Consideramos que há uma maior probabilidade de uma aceleração da economia global no próximo ano do que uma hipotética recessão. A confluência de estímulos fiscais, política monetária expansionista, e a redução de fatores de risco como o Brexit e a disputa comercial entre os EUA e a China, suportam esta visão. As
economias que potencialmente sentirão mais esta aceleração deverão ser a Alemanha, Inglaterra, Japão, Coreia do Sul, Índia, e grande parte das economias do sudoeste asiático.
Após um ano de “reset” nas expectativas económicas e corporativas, o sentimento e posicionamento (de longo prazo) continua bastante defensivo. No entanto, historicamente, num contexto reflacionário os ativos que tendem a valorizar mais são os de maior risco, como ações e commodities. Assim vemos o atual sentimento e posicionamento como positivos para uma continuação na valorização dos mercados acionistas (não obstante uma possível correção no curto prazo), e uma pior performance de ativos defensivos como obrigações. Tal cenário parece-nos suportado pela performance dos mercados acionistas no último trimestre deste ano, já que grande parte dos mercados globais saíram do “range” de negociação que se mantinham desde o início de 2018, potencialmente marcando o começo de um novo regime.
Por isso privilegiamos o investimento em ações sobre as obrigações, alguns dos flows que assistimos em 2019 para cash e obrigações poderão retornar às ações. A recente rotação para ativos cíclicos deverá continuar tornando os setores Financeiro, Industrial e Healthcare mais atrativos.
Nas Obrigações estaremos atentos a obrigações US High Yield Short Term e Government Bonds de boa qualidade, com uma gestão ativa e rotação na curva de rendimentos.
Os riscos geopolíticos e os potenciais spillovers nos mercados financeiros: eleições nos EEUU, a dinâmica de afastamento da China – USD no longo prazo, a concretização do Brexit poderão induzir incertezas e maior volatilidade.
Dedicaremos um olhar especial à China que na nossa perspetiva merece ser avaliada como uma classe de ativo separada. A inclusão das A-Shares nos índices de mercados emergentes do MSCI e a obrigatória revisão das Asset Allocations pelos Portfolios Managers vai redirecionar adicionalmente cerca de 3 triliões de USD para a China Mainland.
O envolvimento e o compromisso dos Conselhos de Administração, o foco social nas alterações climáticas e os novos regulamentos atualmente em discussão, vão definitivamente obrigar a incorporar o ESG nos processos e decisão de investimento.
Olhamos para 2020 com otimismo, mas com uma pitada de realismo e um dos Fundos de Investimento que cumpre este propósito e que temos acompanhado é o JOHCM Global Income Builder Fund, um fundo misto com uma alocação moderada e que tem como objetivo fazer uma distribuição mensal de 5% p.a.
Em suma, num ambiente de yields baixas e dificuldade em obter retornos para os clientes, a diversificação e a seletividade na escolha dos ativos e suas classes assume um papel cada vez mais importante na construção dos portfólios. Ou seja, para obter mais rendibilidade é necessário assumir mais riscos e estar atento às oportunidades em todas as classes de ativos, mas simultaneamente manter uma enorme agilidade e capacidade de reação o que claramente favorece uma gestão ativa.