TRIBUNA de Johanna Kyrklund, diretora de investimentos e responsável global de investimento multiativo da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
(TRIBUNA de Johanna Kyrklund, diretora de investimentos e responsável global de investimento multiativo da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.)
Ainda que a nova década não se apresente como uma festa, também não vemos razões para ser pessimistas. À primeira vista, as valorizações gerais do mercado parecem pouco interessantes. Não obstante, se aprofundarmos um pouco mais podemos encontrar razões de peso para que os investidores ativos mostrem um certo otimismo face a 2020.
Não nos deixemos enganar, nem tudo é cor de rosa do ponto de vista económico e estamos a presenciar uma atividade industrial anémica. Não obstante, nem tudo o que acontece é negativo: a ausência de inflação permitiu aos bancos centrais ser muito mais pró-ativos do que costumam ser e estamos a ver sinais de estabilização monetária.
Num ano marcado pela incerteza, os investidores agarraram-se às empresas que ofereciam um crescimento estável e fiável. Em 2020, as empresas mais sensíveis ao ciclo económico poderão oferecer oportunidades sempre que os dados económicos sejam estáveis. O desafio nesta frente é duplo: por um lado, o estímulo fiscal americano está a diminuir e, por outro lado, as tensões comerciais entre os EUA e a China continuam a ser um risco chave. Consequentemente, é provável que os mercados continuem a depender da liquidez.
Neste contexto, qualquer aumento do rendimento das obrigações (e qualquer queda dos preços) ver-se-á possivelmente travada pela ausência de uma recuperação económica clara, a presença de uma inflação baixa e a procura de rendimento por parte do mercado institucional, já que os fundos de pensões procuram reduzir a sua exposição ao risco.
Quanto às ações globais, em geral, estamos positivos e acreditamos que a direção mais provável dos mercados de ações seja a subida. A última fase do ciclo económico costuma ser problemática para as ações porque as empresas veem aumentar os seus custos (por exemplo, os materiais e a mão de obra). Acreditamos que isto desgastará as margens de lucro das empresas norte-americanas mais avançadas do ciclo económico. Os lucros na Europa, China e Japão também se veem prejudicados, pelo que pensamos que as melhorias serão vistas no resto do mundo em 2020. Por exemplo, nos mercados emergentes onde nos tornamos mais otimistas após uma melhoria nos indicadores industriais.
A liquidez proporcionada pelos bancos centrais, em particular pela Fed, pode servir para debilitar o dólar americano ainda que não seja de forma imediata.
O uso de medidas fiscais e de gasto público por parte dos governos foi uma medida que gerou muita discussão entre os investidores. Na nossa opinião esperamos uma flexibilização da política fiscal no Reino Unido. Não obstante, o estímulo fiscal está a diminuir nos EUA e parece que não há vontade política para uma flexibilização fiscal significativa na Alemanha. Em geral, acreditamos que existe uma baixa probabilidade de que haja uma expansão importante da política fiscal a nível mundial em 2020.
Os eventos políticos continuarão a desempenhar um papel importante este ano. De uma perspetiva global, a evolução da situação nos EUA é especialmente importante. Com um crescimento global débil, o deterioro das relações comerciais entre a UE e os países em desenvolvimento tornou-se numa das principais causas da crise económica mundial.
Após um forte 2019, esperamos que os retornos do mercado sejam mais suaves em 2020. Durante o ano passado os ativos mais caros tiveram uma alta rentabilidade. Isto significa que o cenário económico anémico estava refletido nas valorizações de mercado. Não obstante, à medida que a estabilidade ganha terreno e o risco de recessão se reduza, acreditamos que pode ser interessante centrar-se em áreas de valor relativo, quer seja a favorecer as obrigações americanas face às obrigações europeias com rendimentos negativos, as ações internacionais face às ações americanas ou às ações cíclicas face às defensivas.
Ninguém disse que era fácil. O panorama atual pode parecer pouco atrativo aos olhos de muitos investidores, mas se nos esforçarmos um pouco veremos que, se rasparmos um pouco a superfície, há oportunidades de investimento interessantes.
Pode ler mais artigos sobre as nossas perspetivas para 2020 aqui.