Agora é o momento de apostar em high yield

Tim Leary. Créditos: BlueBay AM

TRIBUNA de Tim Leary, gestor de carteiras sénior, Bluebay Asset Management. Comentário patrocinado pela BlueBay Asset Management.

À medida que as carteiras são ajustadas para as proteger de uma queda no desempenho devido ao aumento das taxas de juro e das preocupações inflacionárias, os investidores veem-se cada vez mais à procura de income. Acreditamos que deveriam considerar uma exposição a obrigações high yield– uma classe de ativos com baixo risco de duration, baixa previsão de defaults, níveis confortáveis de liquidez e yields crescentes impulsionadas por valuations consideravelmente melhores.

Inflação – a widowmaker dos mercados de obrigações?

Não necessariamente. Quando os investidores de dívida ouvem inflação, a reação automática é muitas vezes desviar rapidamente o navio dos ativos de rendimento fixo. No entanto, para obrigações high yield, a inflação contínua – desde que possa ser transmitida – deverá, ironicamente, agir como um tailwind. Por exemplo, mais recentemente, vimos a inflação beneficiar as demonstrações de resultados de emissores com classificação sub-investment grade, particularmente em energia.

Dito isto, quando a inflação não pode mais ser transmitida, torna-se um potencial problema. No entanto, o nosso cenário base neste momento é que o atual ambiente inflacionário deve ser construtivo para ativos high yield.

Além disso, se se observar uma desaceleração da inflação e as taxas de juro se ajustarem mais, esse cenário seria construtivo para os mercados de crédito. Olhando para os mercados europeus, esse cenário poderá acontecer. O mercado de obrigações está atualmente a antecipar um aumento constante nas taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), e esperamos que eles antecipem os aumentos das taxas de juro nos próximos meses e atinjam o pico de 2,5% na próxima primavera. Contudo, depois disso, o BCE terá dificuldade em aumentar ainda mais as taxas de juro com a economia em recessão e as previsões de inflação de médio prazo a serem provavelmente revistas em baixa.

The bond market is currently anticipating a steady rise in European Central Bank (ECB) interest rates, and we expect them to front-load rate hikes over the next few months and reach a peak of 2.5% by next Spring.

Taxas de juro – headwind ou performance driver?

As taxas de juros afetam todos os mercados e high yield não é exceção, mas como esta classe de ativos é muito mais curta em duration em comparação com, por exemplo, investment grade, as taxas crescentes são muito menos impactantes, o que significa que os investidores deverão ver um pick-up na yield da sua exposição a high yield versus rendimento fixo core.

Olhando para o futuro, o impacto potencial da política monetária dos EUA - se a Reserva Federal (Fed) limitasse as taxas de juro, o impacto resultante sobre o desempenho de high yield dependeria do motivo pelo qual o limitasse.

No cenário em que o Fed desacelera porque a inflação cai enquanto o PIB e o emprego permanecem altos, high yield deverá prosperar. No entanto, se desacelerar porque aumentou as taxas de forma muito dramática provocando um choque nos mercados e causando uma recessão, o inverso poderá acontecer e high yield irá sofrer. No entanto, mesmo que esse cenário se concretizasse, eu argumentaria que os balanços de high yield estão em muito melhor forma hoje do que durante qualquer outra recessão na minha vida.

Menos emissões equivale a menos liquidez?

Da mesma forma que a inflação não é necessariamente a sentença de morte para todos os ativos de rendimento fixo, níveis mais baixos de emissões não resultam sempre em níveis reduzidos de liquidez no mercado.

Nem é preciso dizer que os investidores devem sempre considerar a liquidez em qualquer mercado, mas a falta de oferta nos mercados high yield, é na verdade, um indicador técnico positivo para a classe de ativos, resultante da falta de necessidade de refinanciamento. Chegaríamos ao ponto de argumentar que, apesar dos níveis das emissões comparativamente reduzidos, high yield é, na verdade, mais líquido hoje do que há 2-3 anos.

E o aumento do número de defaults?

O nível de eventos sem precedentes e a volatilidade que testemunhamos este ano foram inquestionavelmente altos. Dentro do crédito, o recente cenário de volatilidade do mercado precede uma onda de falências que está por vir, já que as empresas não conseguem suportar suficientemente os encargos da dívida que assumiram.

Isso talvez seja verdade, e prevemos que os níveis de default provavelmente triplicarão em relação ao valor atual. No entanto, vêm de uma base incrivelmente baixa. Quando as taxas de default de HY nos últimos doze meses (LTM) são de 1,6%, os defaults de hight yield poderiam subir para 3,5%, ainda assim isso equivaleria a metade do nível onde estavam durante a crise do Covid.

Sussurre baixinho - as valuations de médio prazo estão relativamente atrativas

Com a yield-to-worst nos mercados globais de HY em torno de 9,5% e spreads acima de 585 pontos base, estamos historicamente em valuations atrativas que geram normalmente, retornos positivos num horizonte de três e cinco anos, mesmo que os spreads aumentem ainda mais.

Dado o cenário atual de baixos defaults, baixa duration, income alto e maior liquidez em comparação com outros ativos de rendimento fixo de maior risco, como direct lending, securitized credit e syndicated loans esperamos que a tendência de fluxos positivos para high yield continue para o que resta de 2022 e até 2023.

Agora é o momento de apostar em high yield.