Argumentos para investir em European Small Caps: quando a beleza se concentra no pequeno

Hywel Franklin Mirabaud AM
Hywel Franklin,. Créditos: Cedida (Mirabaud AM)

TRIBUNA de Hywel Franklin, responsável de Ações Europeias, Mirabaud AM. Comentário patrocinado pela Mirabaud AM.

Existem diferentes formas de definir o que são empresas de pequena capitalização; embora na Mirabaud consideremos que esta classificação é atribuída a empresas com capitalizações totais de mercado inferiores a 5.000 milhões de euros.  Estas são empresas que oferecem opções de diversificação atrativas, bem como – se selecionadas criteriosamente – retornos potencialmente muito atrativos.

As empresas de pequena capitalização representam os pequenos insurgentes: empresas jovens e inovadoras, geralmente com uma gestão muito ágil e enfretam os seus mercados com uma abordagem criativa.  Este tipo de empresas vai além da sua atrativa história corporativa: a que hoje é um peixinho no mar, pode ser o disruptor de amanhã e do gigante do futuro. As empresas de pequena capitalização oferecem aos investidores um mecanismo de acesso a este potencial.

É aqui que estratégias de gestão ativa, como o Mirabaud - Discovery Europe, se tornam mais relevantes e se posicionam como as mais adequadas.

O dinamismo e a flexibilidade das empresas mais pequenas proporcionam potenciais recompensas, mas apenas aos investidores dispostos a dedicar o tempo e esforço necessários para identificar as empresas com verdadeiras perspetivas, antes que o resto do mercado o faça.

Por esta razão, o fundo Mirabaud -  Discovery Europe está comprometido com um pequeno número de empresas de elevada convicção, cimentadas num processo de seleção baseado tanto numa análise   rigorosa de fundamentais como na identificação das empresas que participam nas megatendências de longo prazo que vão marcar a economia do futuro.

Outra característica destas Small Caps é que não despertam tanta atenção mediática, pelo que são normalmente cobertas por menos analistas e gestores de portefólio especializados.

Se nos limitarmos à Europa, cada empresa do índice MSCI Europe é coberta por uma média de 21 analistas. No entanto, as empresas incluídas no índice MSCI Europe SMID (Small and Mid Cap) são apenas abrangidas por uma média de nove analistas cada uma.

Na gíria económica, estamos num mercado ineficiente. E isto traduz-se numa oportunidade para os gestores ativos gerarem alfa.

Surfar a onda no momento certo

A incorporação no portefólio de empresas mais pequenas gera oportunidades para atrair jovens empresas que estão em fase inicial dos seus ciclos de crescimento.  Estas podem estar na vanguarda em termos de inovação ou porque aproveitam as mais recentes tecnologias em ascensão no mercado em que operam.

Por isso, estes negócios disruptivos podem ser captados e incorporados nas carteiras antes que os seus produtos ou serviços amadureçam, o que implica que os retornos podem acumular-se durante longos períodos enquanto a empresa se expande.

Além disso, as empresas mais pequenas podem enfrentar estruturas de incentivo materialmente diferentes: uma vez que existe uma maior proporção de proprietários-gestores, há um grande envolvimento da sua parte, o que incentiva a inovação nos produtos que fornecem para se tornarem os melhores na sua categoria.

Embora os insiders do negócio possam obter ações através de estruturas indiretas, os dados da Bloomberg são claros a este respeito. As ações do MSCI Europe têm uma média de 2% de proprietários de carácter interno, enquanto no caso do MSCI Europe Small Caps a média é de até 5%. Na carteira do Discovery Europe, 12% está nas mãos dos CEO, gestores séniores ou membros dos conselhos de administração das próprias empresas[1].

Além disso, introduzir empresas mais maduras no universo de gestão pode significar a incorporação de empresas que muitas vezes terão estruturas de negócio mais estabelecidas, balanços mais fortes e mais acesso aos mercados de capitais.

Quando identificadas através de uma gestão ativa escrupulosa e combinadas num único portefólio, ambas as categorias complementares podem tornar-se fontes formidáveis de valor.

Desde há 15 anos, incluindo tanto a crise financeira de 2008 como a de 2020 causada pela pandemia, que as pequenas empresas europeias, enquanto classe de ativos, superaram consistentemente as ações europeias no seu conjunto:

Se os gestores ativos demoram o tempo necessário a identificar empresas fora do radar com retornos significativos, pode-se aceder a uma rentabilidade superior.

Estes retornos potenciais podem acumular tailwinds, uma vez que a sua menor escala lhes dá a flexibilidade para detetar e capitalizar as tendências de crescimento secular mais rapidamente do que os seus concorrentes de grande capitalização.

Por exemplo, a estratégia Discovery Europe da Mirabaud aposta em empresas como a Pharmanutra, um fabricante italiano de suplementos alimentares, a empresa sueca de infraestruturas Sdiptech e a Strix, uma empresa britânica que fabrica dispositivos de segurança cruciais para jarros elétricos de água.

Tratam-se de empresas duráveis que passam despercebidas por muitos analistas do mercado de ações, mas todas oferecem balanços fortes, cash flows resilientes e trajetórias de crescimento sustentável.

Os seus retornos são recolhidos em índices amplos, mas estes índices caracterizam-se, por sua vez, pela volatilidade causada pelas lacunas de informação que discutimos acima.

Só através da gestão ativa e de uma recolha completa de informação por parte da equipa de gestão é possível descobrir empresas como estas e garantir a sua rentabilidade para os investidores.

Small caps: porquê agora?

As razões são múltiplas. Já comentámos a sua capacidade de identificar e capturar empresas com potencial de crescimento.

Podem também oferecer oportunidades de acesso aos setores mais bem posicionados para beneficiarem de 4,3% de crescimento do PIB previsto pela UE este ano[2], ou da previsão de 4,7% para o Reino Unido.[2]

2022 começou com uma intensa correção do mercado global, impulsionada pela reação à postura cada vez mais dura da Reserva Federal. Esta correção afetou muito (embora não exclusivamente) os grandes nomes do growth, especialmente nos Estados Unidos.

Na nossa opinião, a recuperação pós-Ómicron poderá funcionar em conjunto com a tradicional e forte exposição da Europa aos valores cíclicos. Enquanto isso, o legado das políticas fiscais de apoio, tanto dos governos nacionais como da UE, tem preservado o potencial de lucro de muitas empresas através da pandemia, e muitas empresas mais pequenas têm um maior poder de fixação de preços, o que significa que estão potencialmente mais capazes de resistir ao atual ambiente inflacionista.

A combinação destes tailwinds deverá, no futuro, beneficiar as pequenas empresas europeias. Por exemplo, a estratégia Discovery Europe da Mirabaud centra-se tanto nos setores industrial como tecnológico, com especial foco na Alemanha.

Como podemos ver pelos dados dos PMI relativos a janeiro, o  setor industrial alemão está a mostrar uma forte recuperação:

Na nossa opinião, isto deve-se em grande parte ao facto de a indústria europeia obter uma parte significativa das suas receitas no estrangeiro, especialmente nos nichos de inovação em que a Alemanha se destaca.

Os dois maiores mercados de exportação da Alemanha são os Estados Unidos e a China. Ambos passaram por situações muito diferentes no que diz respeito à pandemia, mas, como ambos recuperam, é provável que continuem a aumentar as suas encomendas às empresas alemãs, o que aumentará as receitas e, aliás, os lucros das numerosas empresas mais pequenas que satisfazem esta procura.


1] Fonte: Bloomberg, acedido a 07/02/22

[2] https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/economic-performance-and-forecasts/economic-forecasts/autumn-2021-economic-forecast-recovery-expansion-amid-headwinds_en

[3] https://www.oecd.org/economy/united-kingdom-economic-snapshot/