Bankinter Research: Outlook e alocação de ativos para o segundo trimestre

João Pisco_Bankinter
Cedida

O comportamento dos mercados durante os primeiros meses de 2019 foi marcado pela recuperação nas bolsas depois do forte sell off no final de 2018. Os principais motores desta recuperação foram: (i) Alteração da mensagem da Fed para um tom muito mais dovish, que interrompeu o processo de subida das taxas de juro; (ii) A extensão do guidance das taxas de juro do BCE, pelo menos, até final de 2019, em conjunto com a introdução de novas medidas como os TLTRO’s; (iii) A evolução das reuniões comerciais entre EUA e China, que embora continuem em aberto, geraram a perceção do interesse, de ambas as partes, em avançar; (iv) Um contexto mais sólido nos mercados emergentes.

Daqui para a frente, consideramos que as bolsas serão suportadas pelas expetativas de estabilização nas revisões de crescimento, em particular na Europa (que sofreu fortes revisões na Alemanha e a entrada em recessão da Itália). Alguns indicadores de confiança mais recentes da UE (como o ZEW de expetativas ou o IFO alemão) apontam neste sentido. No entanto, o catalisador necessário é a resolução final das principais incertezas (guerra comercial, Brexit, etc.), com o conseguinte impacto positivo adicional sobre o crescimento económico.

Neste cenário mantemos a nossa exposição recomendada a ações, que relembramos que ajustámos no final de 2018 (-5% em todos os perfis) face a um contexto de abrandamento do ciclo. Mantemos EUA como primeira opção de investimento e mantemo-nos à margem de Europa e Japão, cujos potenciais de valorização não são suficientemente atrativos.

Em Emergentes, e apenas para investidores com um perfil de risco dinâmico ou agressivo, mantemos a recomendação de compra seletiva, com preferência pelo Brasil, seguido da Índia, onde estamos algo mais cautelosos até às eleições (entre 11 de abril e 23 de maio).

No mercado de dívida, mantemos a recomendação de ir constituindo uma carteira de obrigações americanas, sempre que as yields de referência se aproximem dos +2,5%.  Melhoramos para Neutro (desde Vender) a recomendação sobre Obrigações Soberanas europeias, ao considerar que irão manter-se suportadas, perante o adiamento nas expetativas de subida dos juros do BCE (que estimamos pelo menos para final de 2020). Passamos também para Neutro as Obrigações Corporate, tanto europeias como americanas, uma vez que consideramos que o risco de deterioração dos spreads de crédito é limitado.

Em suma, vale a pena estarmos expostos a mercado acionista, mas com uma perspetiva temporal alargada. Revemos em alta as nossas avaliações para o EuroStoxx-50 e S&P500 porque ao longo destes últimos 3 meses as yields das obrigações de referência a 10 anos diminuíram proporcionalmente mais do que a revisão em baixa das perspetivas de crescimento de resultados. Isso tem um impacto positivo em termos de avaliação, embora com base num argumento pouco estimulante: taxas de juro inferiores, compensando a revisão em baixa dos lucros. As nossas avaliações são: 3.634 para o EuroStoxx-50 (potencial +5%) e 3.249 para o S&P500 (+12%).