COLABORAÇÃO de Carlos Bastardo.
Como era previsível, o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal Americana (Fed) reduziram as taxas de juro.
O BCE reduziu a taxa de depósitos em 0,25% e a taxa de refinanciamento (Refi Rate) em 0,6%, estando agora em 3,5% e 3,65%, respetivamente. O spread, que até agora era de 0,5% entre as duas taxas de juro, passou para 0,15%. A Fed baixou a Fed Funds em 0,5% (alguma surpresa), baixando do intervalo de 5,25% a 5,5% para o intervalo de 4,75% a 5%.
A primeira reação dos mercados após a descida das taxas de juro da Fed no dia 18 de setembro foi a subida das bolsas a 19 de setembro. Contudo, caíram logo no dia seguinte.
O que terá levado a Fed a reduzir as taxas de juro em 0,5% e não em 0,25%? Apesar de Jerome Powell ter referido que os indicadores macro continuam bem, há dados que devem fazer pensar os investidores.
Setor automóvel
Um dos setores mais linkados à saúde das economias é o setor automóvel. E neste setor, têm acontecido, nas últimas semanas, vários anúncios negativos de empresas, reduzindo as vendas, o cash-flow operacional, a rentabilidade operacional e o lucro. A última, foi a Mercedes no dia 19 de setembro. Quando as economias estão com uma boa dinâmica, as vendas de automóveis aumentam, assim como a performance das empresas fabricantes. O inverso também é verdadeiro.
Indicadores e possíveis cenários
Outros indicadores divulgados em agosto e setembro, como as falências das empresas nos EUA, os valores de utilização dos cartões de crédito, as vendas de casas, os postos de trabalho criados, entre outros, também não apresentaram sinais claros.
Alguns analistas financeiros e gestores de ativos internacionais também não demonstraram o entusiasmo das bolsas no dia 19 de setembro. Reduzindo rapidamente as taxas de juro, ou significa que a Fed ficou behind the curve, ou que está na posse de que a economia apresenta riscos de ficar pior.
Resta-nos estar cautelosos e atentos aos próximos indicadores macroeconómicos e, em função dos mesmos, tomar decisões de reduzir a exposição, reduzir ainda mais a exposição, manter ou reforçar a exposição a ativos financeiros de risco.
Os mercados acionistas continuam a evidenciar volatilidade, mais um fator para a prudência nos investimentos. Ao nível do setor imobiliário, ainda não sentimos pressão na descida dos preços dos imóveis, pelo menos até agosto deste ano. E não vislumbramos que tal venha a acontecer num ambiente de normalidade. A descida das taxas de juro e a diminuição do custo do dinheiro é um fator favorável ao investimento em bens duradouros.