Chart of the Week - A era da desglobalização

Vitor Ribeiro future proof
Vítor Ribeiro. Créditos: Cedida (Future Proof)

O Chart of the Week é da autoria de Vítor Mário Ribeiro, fundador da Future Proof.

Como refere John Mc Enroe, no ténis não há empates. Não há substituições. É uma dança entre gladiadores com diferentes personalidades, global e sem lugar para nos escondermos. 

Mas na economia atual parece que estamos a entrar na era da ansiedade e do pensamento de soma nula com a propagação da narrativa da desglobalização rumo ao esconderijo interno de cada país ou região. Dirigimo-nos a um rabbit hole, uma espécie de labirinto com poder de atração para um lugar onde não fomos felizes, estranho, sem sentido e até surreal. Como refere a The Economist, uma lógica destrutiva que ameaça a globalização.

Este pensamento que se dirige ao protecionismo, subsidiação e a mais controlo, vê o mundo mais fechado, mais dependente e que não acrescenta valor. Um mundo de empates, jogos de poder e perigoso e que afeta a expectativa de retornos do mercado acionista.

No seu Outlook para 2023, a Vanguard apresenta os retornos estimados para a próxima década, justificando o cenário traçado com fatores que geram ansiedade e que contribuem para uma policrise global:

  • A inflação, num combate coordenado pelos bancos centrais
  • Os efeitos económicos da crise energética 
  • Os desafios da economia chinesa no rescaldo da política zero covid.

O cenário não parece negativo para os investidores, mas aponta para um caminho de perda de influência dos EUA e de mudança estratégica no longo prazo. Outrora símbolo da globalização, os EUA surgem agora como um dos principais rostos do processo de desglobalização e da falsa promessa do pensamento de soma nula. E talvez se justifique por aqui a menor expectativa de retorno para o mercado acionista americano quando comparado com o resto do mundo e à consequente subponderação que os investidores e gestores de ativos têm revelado por este mercado na composição das suas carteiras.