Chart of the Week – A evolução da concessão de crédito nos EUA

eua bancos américa do norte
Créditos: Jordan (Unsplash)

Chart of the Week é da autoria de Bernardo Câncio, da equipa de asset management do BiG.

Bernardo Câncio (BiG)
Bernardo Câncio (BiG)

O gráfico mostra a evolução da concessão de crédito nos EUA, que ao longo das últimas semanas/meses tem arrefecido marcadamente. Isto significa que a banca comercial norte-americana se está a comportar de forma muito atípica nesta crise (e na sua recuperação). De um modo geral, os ciclos de crédito estão estreitamente ligados aos ciclos económicos, expandido quando a economia expande, e contraindo quando ela contrai (de salientar que o crescimento já não era negativo desde o período de desalavancagem depois da crise financeira de 2008). Que não é o que está a acontecer desde a chegada da pandemia.

Evolução da concessão de empréstimos bancários nos EUA

No ano passado, os bancos da Europa e dos EUA surpreenderam pela positiva ao terem capacidade para serem mais uma via de amortecimento para o choque económico que foi a chegada da pandemia. Durante os meses de confinamento, dos dois lados do Atlântico, os bancos comerciais aceleraram a concessão de crédito, ajudando as empresas a atravessar um dificílimo período de falta de liquidez. O contrário do que normalmente acontece nas crises. Este ano, com a recuperação económica já dada como garantida, poder-se-ia antecipar que os bancos mantivessem ritmos de concessão de crédito elevados, confiantes na economia e nos consumidores, mas não é isso que está a acontecer. A concessão de crédito arrefeceu bastante, e isso pode ser um detrator para a economia nos próximos meses.

Existem vários motivos pelos quais os bancos se estão a coibir de conceder crédito, desde as baixas taxas de juro e spreads, à falta de procura por crédito por parte dos clientes, mas o que talvez esteja a ter mais impacto atualmente é o das exigências de capital que são impostas aos bancos (principalmente nos EUA), que os impedem de fazer crescer o seu balanço. Jamie Dimon, o CEO do JP Morgan, já avisou que estas exigências podem a médio prazo abrandar a economia. Resta saber qual o peso desse possível abrandamento.