Franklin Silva, fund research analyst na Golden Asset Management, aborda o tema quente da semana: o facto de os vendedores terem estado dispostos a pagar aos compradores para ficarem com o petróleo.
(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de Franklin Silva, fund research analyst na Golden Asset Management.)
Inevitavelmente, o tema mais discutido durante esta semana foi o comportamento do preço dos futuros do petróleo de referência para os Estados Unidos (WTI Crude Oil). O destaque advém não só da sua magnitude, mas por ter atingido um nível negativo! Ou seja, os vendedores estiveram dispostos a pagar aos compradores para ficarem com o petróleo.
O dia 21 de abril foi o último em que se poderia transacionar o contrato de maio, ou seja, ao contrário do que se sucede nos contratos de futuros sobre o Brent (referência para as importações portuguesas), caso os investidores não fechassem o contrato, estes iriam obter a entrega física dos barris de petróleo. A maioria dos investidores não tem estrutura para tal entrega, nem tem essa intenção. Por outro lado, quem os pode receber, não o quer fazer porque simplesmente não tem sítio para os armazenar. O WTI é transacionado fisicamente em Cushing no Estado Norte Americano de Oklahoma e, segundo os últimos dados, ainda existe espaço de armazenamento. Contudo, dado o enorme desfasamento entre a oferta e a procura da matéria-prima, espera-se que em meados de maio, já não haja espaço para armazenamento.
Ora, o desespero de quem quer vender os contratos aliado à não existência de contrapartes, precipitou esta dinâmica errática no mercado.
Todo este ambiente instável, já se reflete em alguns produtos cujo objetivo é “replicar as variações do WTI”, como é o caso do USO, United States Oil Fund®. Nunca é demais relembrar que para se entender o USO, por exemplo, é necessário entender o mercado de futuros do WTI Oil. Por outras palavras, os investidores estão expostos à curva dos futuros e não ao spot.