Chart of the week – A inflação no consumidor nos EUA

José Barreiros_GNB GA
José Barreiros. Créditos: Vitor Duarte

O Chart of the Week é da autoria de José Barreiros, da equipa de Gestão Discricionária da GNB - Gestão de Ativos.

Na reunião de 3 de maio, a Reserva Federal Norte-Americana (Fed) subiu em 25bps o target da Fed Funds para 5.00% a 5.25%. Mais importante, deixou de indicar novas subidas no imediato e fez depender a evolução da sua política monetária dos próximos indicadores económicos e dos efeitos que as subidas já efetuadas iriam ter nestes. 

O Índice de Preços no Consumidor (IPC) é um desses indicadores e o seu valor mais recente, divulgado na quarta-feira e referente a abril, não deixa de trazer boas indicações para os investidores, apesar da queda da inflação se fazer muito lentamente: em termos homólogos, o IPC caiu de 5.0% para 4.9% em abril, mais do que o esperado, e, excluindo a energia e a alimentação, também se reduziu em 0.1pp para 5.5%, neste caso, de acordo com o consensus.

Em junho de 2022, o IPC atingiu o seu valor máximo recente (+8.9% YoY) e desde essa altura tem vindo a cair, muito devido aos preços da energia, que inclusivamente, desde o passado mês de março passaram a registar uma variação homóloga negativa.

Contudo, é na recente evolução dos preços dos serviços core que pode estar a melhor notícia: desde fevereiro que estes preços têm vindo a abrandar, tendo-se registado neste segmento, excluindo as rendas (o indicador preferido de Jerome Powell), a menor subida mensal (+0.1%) desde julho de 2022. Adicionalmente, alguns serviços ligados à abertura das economias pós-covid, começam a registar quedas significativas: cerca de -3% no mês em tarifas aéreas e hotelaria. 

Fonte: Bloomberg

A inflação no consumidor vai caindo lentamente, mas os investidores revelam expectativas condizentes com uma redução mais abrupta, a avaliar pela informação que se retira da negociação dos futuros da Fed Funds. Se tal facto já era evidente antes da divulgação deste dado, mais forte ficou depois da divulgação do IPC:

  • Antes, a probabilidade de existir um corte de 25bps, em setembro, era de 58%, e em dezembro, havia 90% de hipóteses de a taxa já estar mais baixa 50bps; 
  • Depois, a possibilidade de um corte de taxas em setembro passou a ser de 64%, e em dezembro de 2023, era praticamente certa uma redução de 0.75pp na Fed Funds.

O próximo capítulo desta história irá ser escrito a 26 de maio com a divulgação do deflator do Personal Consumption Expenditure