Estão aí os primeiros sinais de recessão na economia norte-americana? No Chart of the Week, Paulo Sá, Investment Advisor for Private Banking no Bankinter, analisa o comportamento da curva de taxa de juro.
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O Chart of the Week é da autoria de Paulo Sá, Investment Advisor for Private Banking no Bankinter.
A elevada pressão gerada pelos atuais níveis recordes de inflação sobre a política monetária de diversos blocos económicos, tem conduzindo a um incremento do risco de uma recessão económica no outlook de muitas das principais instituições mundiais e financeiras. A título de exemplo a Morgan Stanley elevou recentemente essa probabilidade para os 25% nos próximos 12 meses e a Goldman Sachs para 30% versus anterior previsão de 15%.
Historicamente, os agentes de mercado procuram constantemente indícios, ou sinais avançados, que antevejam tal cenário recessivo e as curvas de juros norte-americanas são tidos como um desses indicadores.
Este gráfico procura evidenciar as conclusões de um estudo realizado sobre o comportamento da curva de taxa de juros norte-americanas ao longo de mais de quatro décadas. Evidencia que a inversão simultânea nas curvas de 10 e três meses, bem como nas de 10 e dois anos, tem dado um sinal mais seguro de uma recessão iminente do que uma leitura negativa em apenas um destes segmentos da curva. Destaco como ideias principais que (i) quando ambas as curvas se inverteram, seguiu-se uma recessão tipicamente entre 11 e 14 meses depois do último segmento de curva se ter tornado negativo e (ii) quando a inversão nas duas curvas ocorreu com mais de cinco meses de intervalo, a inversão mostrou-se um falso alarme.
Esta evidência ocorreu em 2019 com a consequente recessão a surgir no decurso de 2020, mas como se verifica no gráfico, atualmente não se verifica esta inversão simultânea de ambas as curvas.
O diferencial entre os títulos do Tesouro de 10 anos e o prazo de dois anos tornou-se negativo em março, embora a diferença entre o prazo de 10 anos e os títulos de três meses ainda esteja longe do zero. De acordo com este estudo, o diferencial nesta última curva tem que se tornar negativo até o final de agosto para que a inversão gere um sinal válido sobre a evolução da economia norte-americana.
Mesmo que essa curva se inverta até o final de agosto, os primeiros sinais de recessão na economia dos EUA, e de acordo com este estudo, não ocorrerão antes de julho-outubro do próximo ano. Se a curva não se inverter até agosto, há uma boa hipótese de que a expansão económica continuar por mais tempo.