Paulo Soares, private banker do BiG, analisa o comportamento do S&P Global Luxury Index e compara a sua evolução nos últimos 12 meses com o Índice Global S&P 500.
O ‘Chart of the Week’ desta semana é da autoria de Paulo Soares, private banker do BiG.
Os últimos 12 meses representaram um importante desafio geracional, cujos efeitos nefastos dispensamos elencar. Enquanto que o cidadão comum enfrenta desafios sem precedentes, com impacto significativo no seu rendimento e bem-estar neste enquadramento “pós-COVID”, a riqueza combinada de todos os “US billionaires” cresceu cerca de 39% no período compreendido entre 18/3/2020 e 18/1/2021, de acordo com a análise do Institute for Policy Studies, a partir dos dados fornecidos pela Forbes. Os últimos 12 meses representam uma aceleração de uma tendência longe de ser recente: Em 2019, o património líquido do denominado “grupo Forbes” multiplicava por 21 vezes o valor desse mesmo património à data de 1982.
Também de acordo com a mesma fonte, o grupo representado pelos “1% mais ricos nos EUA” detém mais de metade do volume de acções e mutual funds disponíveis no mercado (dados relativos ao terceiro trimestre de 2020) e menos de 5% do volume total de dívida emitida. Por falar em dívida, esta é detida em mais de 70% pelos “90% mais pobres”. É neste contexto que consideramos particularmente relevante analisar o comportamento do Índice que mede o desempenho das acções de Empresas no segmento de bens de luxo, em comparação com o Índice Global. O gráfico abaixo representa o comportamento do S&P Global Luxury Index comparando a sua evolução nos últimos 12 meses com o Índice Global S&P 500:
No gráfico torna-se clara e evidente a particular aceleração nos últimos meses de uma tendência de longo prazo, de outperformance do segmento luxury face ao Índice Global, com um retorno de 76.86% nos últimos 12 meses vs 57.10% do S&P 500.
As transformações em curso levam-nos a antever que esta tendência tenderá a ser suportada por drivers cada vez mais fortes (os estímulos à Economia em curso veiculados pelos Bancos Centrais dos principais blocos económicos tenderão a manter-se nos próximos meses), acentuando a tendência já de si evidente pela análise dos dados atuais.
Uma curiosidade adicional: a famosa “Birkin bag” criada pelo grupo Hermés em 1984, é comercializada num vibrante mercado secundário, fruto da sua escassez “auto-provocada” pela marca (são produzidos anualmente um número muito limitado de novos modelos, e cuja aquisição é feita apenas por convite). Um estudo elaborado pela agência especializada no mercado secundário deste segmento - a Baghunter – estima que a Birkin bag tenha gerado um retorno anualizado médio de 14.2% desde a sua criação em 1984 até 2017, o que compara muito favoravelmente com os 11.66% do S&P500 no mesmo período e os “modestos” 1.9% de retorno anualizado médio do ouro. Elucidativo.