Eduardo Nunes, subdiretor de multi-asset sales trading no BiG, apresenta os fatores que explicam a outperformance do Nasdaq 100 face a outros índices acionistas de referência.
O Chart of the Week é da autoria de Eduardo Nunes, subdiretor de multi-asset sales trading no BiG.
O ano de 2023 tem sido marcado por valorizações significativas para com ativos de risco de forma generalizada, beneficiando de um sentimento de mercado mais otimista e maior apetite por risco por parte de investidores. De facto, os principais índices acionistas globais vão apresentando um desempenho favorável e positivo ao longo dos últimos meses – tanto o índice acionista europeu de referência, EuroStoxx 50, como o índice norte-americano de referência, S&P500, valorizam mais de 15% desde início do ano.
Neste quadro, um dos principais destaques em termos de desempenho ao longo dos últimos meses refere-se ao principal índice tecnológico norte-americano, Nasdaq 100. Após um passado ano marcado por acentuadas quebras, o Nasdaq 100 tem liderado ganhos em 2023, valorizando mais de 40% em pouco mais de um semestre de negociação, tendo já diversas das principais empresas representadas neste índice tecnológico revalidado novos máximos históricos no passado recente.
Esta outperformance do Nasdaq 100 face a outros índices acionistas de referência pode ser explicada por diversos fatores:
- Avaliações fundamentais consideradas apelativas no início deste ano, do ponto de vista histórico, após quebras significativas verificadas ao longo de 2022.
- Um panorama macroeconómico claramente mais favorável, com indicadores a explicitarem um claro recuo inflacionista a um ritmo significativo, incrementando as probabilidades da Reserva Federal poder adotar uma postura menos agressiva no que a futuros incrementos de taxas de juro diz respeito. Este é o quadro macroeconómico oposto ao verificado no ano passado, e que se tem apresentado claramente mais favorável e benéfico a ativos de risco como um todo e ao setor tecnológico em particular.
- Emergência e preponderância de temas específicos ao quadro tecnológico que aceleraram de forma notória o otimismo e pressão compradora para com certas empresas. O exemplo mais claro neste contexto é a Inteligência Artificial. De facto, os níveis de adoção de inteligência artificial à escala global e consequente otimismo no que respeita ao impacto positivo nas receitas futuras de diversas empresas ligadas ao tema têm sido amplamente significativos ao longo deste ano, originando valorizações notórias para empresas em específico (exemplos como Nvidia, Meta Platforms, Microsoft, entre diversas outras) e para o setor tecnológico como um todo.
Perante o complemento de pontos destacados supra, o índice tecnológico Nasdaq 100 tem desde início de 2023 apresentado um rally e consequente bull market históricos, para já superior a 40%, respeitando um acelerado canal ascendente ao longo dos últimos meses, como explícito no gráfico adjacente.
No intuito de melhor definir se o quadro tecnológico apresentará capacidade de manutenção de otimismo e desempenho favorável, ou se ao invés disso assistiremos a uma maior capitalização de ganhos nos próximos meses para o mesmo, após tais notórias valorizações, deverão ser principalmente monitorizados os seguintes temas:
- Evolução de indicadores económicos – A evolução de indicadores económicos nos Estados Unidos, principalmente no que respeita à vertente inflacionista, influenciará de forma importante a postura da Reserva Federal no que a novos incrementos de taxas de juro diz respeito, sendo este um tema amplamente sensível para o mercado como um todo e em particular para o setor tecnológico e o Estilo de Investimento Crescimento.
- Evolução de resultados corporativos – O otimismo já atualmente descontado no que respeita ao quadro corporativo individual de diversas gigantes tecnológicas norte-americanas parece ser considerável. Desta forma, ao longo das próximas semanas, é relevante monitorizar se os resultados e perspetivas futuras pelas mesmas divulgadas se apresentam de facto como sólidos, otimistas e favoráveis.