Joel Mendes, gestor da BPI GA, analisa os efeitos do anúncio de corte de produção nos preços do petróleo com o brent a subir mais de 7%
O Chart of the Week é da autoria de Joel Mendes, gestor, BPI Gestão de Ativos.
Esta semana o mercado foi surpreendido pelo anúncio inesperado de alguns países membros da OPEC+ de um corte de produção de 1.16M barris/dia com efeitos a partir de maio de 2023, argumentando um objetivo de estabilidade do mercado. Esta redução de produção, em conjunto com a extensão até final do ano do corte de 0.5M barris/dia anunciado pela Rússia em retaliação às sanções aplicadas pelos países ocidentais, na quais se incluía a introdução de um teto aos preços do crude Russo, implica uma redução total de 1.6M barris/dia.
Conforme podemos observar no gráfico abaixo, este anúncio de corte de produção teve efeitos imediatos na evolução dos preços do petróleo com o brent a subir mais de 7% desde o anúncio da decisão e a subir mais de 15% desde os mínimos anuais atingidos em meados de março, num contexto de instabilidade financeira provocada pelo colapso de dois bancos americanos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank e pelo resgate do Credit Suisse.
Esta decisão vem agravar o ambiente de incerteza económica, uma vez que aliado à instabilidade financeira sentida no último mês temos agora este efeito negativo adicional no crescimento económico para os países importadores desta matéria-prima.
Quanto aos Bancos Centrais, apesar de estes serem mais condicionados pelos dados da inflação core onde o impacto destes aumentos dos preços do petróleo no curto prazo acaba por não ser tão relevante, os seus efeitos na inflação global não podem ser ignorados e acabam por tornar a vida dos bancos Centrais mais complicada, obrigando-os a assumir uma postura mais hawkish.