Chart of the Week - Política restritiva

Francisco Falcão_Hawkclaw
Francisco Falcão. Créditos: Cedida (Hawkclaw Capital Advisors)

O Chart of the Week é da autoria de Francisco Falcão Castro, responsável de Investimentos da Hawkclaw Capital Advisors.

Numa semana marcada por várias decisões de política monetária, destaque para a atuação da Reserva Federal Americana (Fed) que subiu a taxa de referência em 25 pontos base para o intervalo de 4.50% - 4.75%, mantendo a retórica de que poderá ser necessário continuar com esta dinâmica por forma a controlar a inflação. Embora o discurso da Fed se mantenha com um tom hawkish, a própria postura de Jerome Powell na conferência de imprensa deixa perceber que estaremos perto do pico das taxas. Powell mencionou que “é importante que as condições económicas reflitam as ações da autoridade monetária, mas que não pretende que haja overtightening” e que “talvez mais algumas subidas de taxas sejam necessárias”. Ora, analisando as duas referências, concluímos que este ciclo de taxas de juro está perto do fim.

Primeiro, as condições económicas já refletem uma política restritiva dado que há evidência de que a inflação tem vindo a desacelerar e existem fortes sinais de que o setor da manufatura se encontra em contração significativa. Veja-se, por exemplo, que ainda esta última quarta-feira, o Institute for Supply Management revelou que o seu indicador de atividade industrial atingiu o nível mais baixo desde 2009 (excluindo o período inicial da pandemia), e de que 15 das 18 indústrias sofreram perdas de negócio.

Quanto à segunda referência de Powell diríamos que, com a taxa de referência da banda superior do intervalo em 4.75%, esse nível poder-se-á substancialmente restritivo dado que excede o atual nível do indicador preferido da Fed para a inflação, o Personal Consumption Expenditure Price Index (PCE). A última leitura do PCE situou-se nos 3.9% em termos anualizados, para o último trimestre de 2022. Considerando os argumentos supra expostos, não será surpreendente que ativos como ações (principalmente, long duration sectors) e obrigações corporativas se apreciem de forma mais evidente à medida que o Dólar Americano reverte parte do movimento do ano passado.