Pedro Barata, da ASK Gestão de Patrimónios, reflete sobre a atual situação da transição energética, do petróleo e de matérias-primas, contextualizando-a no atual cenário macroeconómico.
O Chart of the Week é da autoria de Pedro Barata, diretor de Investimentos na ASK Gestão de Patrimónios.
Paulatinamente desde a segunda quinzena do último mês de 2023, o petróleo tem vindo a formar uma tendência ascendente, com uma valorização perto dos 30%, em relação aos mínimos de dezembro.
Estruturalmente, a transição energética encontra-se atrasada se a compararmos com a redução de investimento global efetuado nos últimos anos nesta fonte energética. Ao invés, a procura global, no pós-COVID, continua em crescimento ano após ano. Deste modo, torna-se expetável o surgimento de potenciais tensões do lado da procura.
Adicionalmente, a crescente tensão geopolítica no Médio Oriente poderá, no curto prazo, reforçar a tendência de valorização do petróleo.
Light crude
Também se pode estar a assistir ao início de uma tendência de valorização das commodities, algo que não acontece desde 2022. Várias mercadorias têm registado valorizações relevantes nas últimas semanas. Cobre, alumínio, zinco, ouro, prata, platina, paládio, café e cacau são alguns exemplos. A manter-se esta tendência, será uma questão de tempo para ter impacto nas economias reais, provocando pressões inflacionistas que colocam em causa a trajetória de redução das taxas de inflação e, assim, atrasar o início de uma política monetária expansionista do Banco Central Europeu e da Fed.
Esta situação é particularmente sensível para as economias europeias, com registo de crescimentos anémicos nos últimos anos, alavancadas em dívida, e com um pico de dívida a vencer-se em 2025 e 2026. Um não início de um ciclo de descidas de taxas de juro será impactante no custo de refinanciamento para empresas e estados.
Bloomberg Commodity Index