Carla Bergareche comenta as razões pelas quais acreditam que existem oportunidades nas obrigações corporativas de high yield. Comentário patrocinado pela Schroders.
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TRIBUNA de Carla Bergareche, diretora-geral da Schroders para Portugal e Espanha. Comentário patrocinado pela Schroders.
As rentabilidades historicamente baixas e a escassez de rendimentos são uma crua e desagradável realidade para os investidores hoje em dia, e foram uma das características definidas pelos mercados desde a crise financeira mundial de 2008. Embora as yields das obrigações tenham aumentado muito durante a crise da COVID-19, a resposta política e o otimismo com relação à recuperação fez com que retornassem rapidamente a níveis baixos.
A esta altura, após o impacto de 2020, encontramo-nos no meio de uma. Esta é uma boa notícia para os fundamentais das empresas entre outras coisas. No entanto, acrescenta outro desafio para os investidores de rendimento fixo – a saber: o risco de saltos repentinos nas yields, como ocorreu nos primeiros meses de 2021.
Dada a natureza destes riscos e oportunidades, eis cinco razões pelas quais acreditamos que as obrigações corporativas de high yield estão bem posicionados. Falaremos disso e de muito mais no próximo dia 29 de junho às 11 horas num evento onde apresentaremos o caso de investimento neste tipo de ativos e abordaremos qual é o nosso enfoque. Registe-se aqui.
Razões pelas quais acreditamos que existem oportunidades nas obrigações corporativas de high yield:
1. Uma fonte excecional de rendimentos
O high yield europeu continua a ser uma fonte excecional de rendimentos, com um carry atrativo (rentabilidade acima das obrigações de menor risco), mas com um risco de duração relativamente baixo, ou seja, a sensibilidade às variações das taxas de juro.
Tal resulta especialmente relevante tendo em conta as pressões deflacionárias derivadas da reabertura das economias e os possíveis aumentos bruscos das yields a curto prazo, como ocorreu no primeiro trimestre de 2021.
O mercado global de high yield em euros oferece atualmente 2,5%. Em termos históricos, tal não é especialmente elevado, mas devemos ter em conta que aproximadamente 20% das obrigações globais têm uma yield abaixo de zero, que a yield agregado das obrigações globais é de 1%, e um pouco mais de 0% nas obrigações soberanas europeias.
A duração, que indica quanto vão aumentar ou diminuir a cada movimento de 1% nas taxas de juro, das emissões high yield em euros foi de 3,7 em média desde 31 de março de 2020, em comparação com 7,3 do fixed income global. As obrigações com maior duração vão sofrer maiores perdas quando as yields aumentarem repentinamente e vice-versa.
No primeiro trimestre, as rentabilidades das obrigações do tesouro dos Estados Unidos a 10 anos dispararam quando tal país aprovou um grande projeto de lei de estímulo fiscal, o que nutriu umas expectativas de crescimento e inflação já crescentes. Tal deu lugar a um dos piores trimestres registados para a dívida pública americana e o impacto estendeu-se para as obrigações corporativas com grau de investimento, evidenciando o risco das altas durações.
2. Recuperação económica
O impacto económico causado pela crise da COVID-19 foi enorme e os seus efeitos vão continuar a ser sentidos durante algum tempo. Aqui e agora, com o avanço dos programas de vacinação, encontramo-nos no início de uma recuperação cíclica sincronizada e acentuada do crescimento em todos os mercados desenvolvidos. Espera-se que os Estados Unidos cresçam 6,5% este ano, a zona euro 5% e os mercados emergentes mais de 7,5%.
As obrigações corporativas de high yield tendem a beneficiar das condições económicas favoráveis. O aumento das receitas, dos lucros e, no caso das empresas que negoceiam na bolsa, dos preços das ações, favorece o desendividamento dos balanços empresariais. Tanto os ciclos de diminuição da classificação como os de incumprimento chegaram ao limite. Com o desendividamento e a melhoria dos fundamentais, esperaríamos ver aumentos a partir de agora.
3. Avaliações
As avaliações de high yield parecem favoráveis, especialmente em comparação com o investment grade. O nível de equilíbrio, ou seja, a quantidade que as yields ou os spreads teriam de aumentar para que os investidores sofressem uma perda num período de 12 meses, continua a ser convincente no contexto de uns fundamentais sólidos e em processo de melhoria.
Além disso, a relação entre a rentabilidade do crédito europeu BB e BBB foi elevada nos últimos anos.
4. Áreas pouco analisadas, nichos e potencial de recuperação
Acreditamos que o universo de obrigações de high yield está pouco analisado em comparação com o investment grade. Muitos emissores de high yield são empresas privadas e não negoceiam numa bolsa de valores pública. Tal aumenta as possibilidades de que as obrigações estejam mal avaliadas e significa que é possível descobrir oportunidades mediante uma análise profunda.
Além disso, o impacto da crise da COVID-19 foi muito mais severo em alguns setores do que em outros, e podemos ver que em alguns deles a rentabilidade continua a ser relativamente alta. Tal sugere que ainda há um certo potencial de recuperação em algumas áreas e empresas individuais.
5. Apoio dos bancos centrais
O Banco Central Europeu (BCE) continua a manter as taxas de depósito em níveis negativos e a comprar obrigações com grau de investimento no mercado aberto. Ao manter as rentabilidades em níveis baixos ou quase nulos, está-se a criar um contexto técnico muito favorável para o high yield. Em essência, empurra os investidores para zonas nas quais se oferecem mais retornos.
Significa também que as empresas podem emitir obrigações com baixas rentabilidades e reduzir a sua carga de juros geral. O risco é que a emissão da dívida seja muito fácil. As empresas podem acabar por emitir muita, o que poderia representar um risco se as taxas aumentarem no futuro.
Detalhes do evento:
Dia: 29 de junho
Hora: 11h00