Rui Guerra, partner na Mercer, fala dos desafios que os investidores institucionais enfrentam em 2017 e como procuram ultrapassá-los.
Com a grande volatilidade registada em 2016 nos mercados acionistas e obrigacionistas, os fundos de pensões, fundações e carteiras de seguros deparam-se, em 2017, com grandes desafios. O ano de 2016 viu grandes variações nos mercados, mas com as ações a valorizarem cerca de 10% e as obrigações valorizarem cerca de 3,5%. Em 2017, a preocupação dos investidores vai para a aparente falta de valor nas várias classes de ativos, particularmente nas obrigações, em que as yields no final do ano voltavam a atingir valores significativamente baixos.
O ano de 2017, continua marcado pela volatilidade. Se tomarmos como referência os patrimónios dos fundos de pensões, a rendibilidade em janeiro foi negativa em cerca de 0.3% (com as obrigações a desvalorizarem cerca de 1,5%), recuperando em fevereiro com cerca de 1,1%. Em março a rendibilidade situou-se em cerca de 0,4%, resultando num valor acumulado desde o início do ano de 1,0%.
Neste cenário, os investidores podem procurar diversificar os seus investimentos: apesar da aparente sobrevalorização do mercado obrigacionista, podem obter investimentos com durações mais curtas que permitam atenuar ou minimizar impactos de eventuais subidas nas taxas de juro. Ao mesmo tempo, podem procurar uma menor exposição a ativos europeus, procurando uma maior exposição aos mercados globais. Na componente acionista, a perspetiva é semelhante: a procura de mercados mais globais, incluindo mercados emergentes parece fornecer uma maior proteção no contexto atual dado que se obtém exposição a condições económicas e políticas diferentes sem concentração num único mercado. Finalmente, a utilização de alguns instrumentos alternativos apresenta algumas vantagens: a procura de retorno absoluto de uma forma diversificada (por várias estratégias) permite responder, de alguma forma, ao desafio de obter retorno positivo.
Nestas posições estratégicas, uma questão relevante é, naturalmente, o facto de colocar muita importância no gestor e produtos escolhidos. O processo de escolha de um gestor deve obedecer a um conjunto de procedimentos que avaliem a capacidade de o gestor atribuir valor acrescentado, a robustez operacional do gestor e do veículo de investimento e as comissões praticadas. Este último ponto é, hoje, cada vez mais relevante dado que o peso das comissões face ao potencial de retorno é significativamente elevado.