João Matos, vice-presidente do ISCTE Trading & Investment Club, reflete sobre as vantagens do ESG Investing e o modelo utilizado para calcular os rating ESG.
TRIBUNA de João Matos, vice-presidente do ITIC – ISCTE Trading & Investment Club.
Por ora, já todos sabem o que é o ESG. A sua popularidade cresceu exponencialmente nos últimos anos, guiado por uma sociedade mais consciente e atenta ao uso dos recursos naturais da Terra, à saúde mental e ao respeito ao trabalhador. Seja qual for a origem do interesse pelo ESG da pessoa - ambiental, social ou a regulamentação - quando falamos em ESG Investing, é importante saber se seguimos uma moda ou uma realidade.
Recomendações de ESG Investing
Abrindo qualquer website dedicado a noticiar o mundo financeiro, encontramos sempre uma secção de artigos dedicados ao ESG. Há uma forte presença de argumentos pró-ESG Investing. Inclusive, é interessante verificar a partir da função de Backward Data Assumption da própria Standard & Poor que o S&P 500 tem uma performance anualizada nos últimos 10 anos (10.30%) inferior à do S&P 500 ESG Index (10.67%), sendo assim possível concluir que, até financeiramente, o investimento em ESG pode ser positivo.
Greenwashing e as avaliações ESG
Uma empresa que queira competir no mercado atual, que está cada vez mais exigente e esclarecido, terá de ceder à pressão dos seus clientes e colaboradores, procurando assim, por vontade própria, melhorar as condições de trabalho, de produção e reduzir o seu impacto negativo no ambiente.
Pensando assim, Aneesh Raghunandan, da London School of Economics, em cooperação com Shivaram Rajgopal, da Columbia University, decidiram analisar fundos orientados para ESG. Pretendiam ver se efetivamente estes escolhem empresas que protegem mais todos os seus stakeholders, comparativamente às empresas que são escolhidas para fundos não-ESG.
A conclusão? Para além de, na maioria das características analisadas, não existir qualquer vantagem nas firmas dos fundos ESG, o estudo sugere que estas estão envolvidas em mais violações de leis ambientais e/ou laborais. Adicionalmente, os autores da análise apontam para dois diferentes estudos (Drempetic, Klein, and Zwergel 2017; Lopez de Silanes, McCahery, and Pudschedl 2019) que sugerem que os scores e rankings ESG são influenciados pelas empresas que disponibilizam voluntariamente os seus dados.
ESG Investing é positivo para o mundo. A exploração intensiva do planeta e dos trabalhadores têm variados impactos negativos na vida social, e é importante que as empresas percebam que há um grande grupo de investidores determinados a apoiar causas sociais, mesmo que tenha impacto nos seus ganhos potenciais (que, como já vimos, não é necessariamente verdade). No entanto, é importante apontar que nem sempre os ranking ESG são coerentes nas suas escolhas e scores, e o investidor ESG deve procurar avaliar por si próprio se a gestão das firmas pertencentes ao fundo realmente agem de acordo com o seu discurso.
