Esta semana vou estar de olho… na CME Fed Watch Tool e no desempenho relativo do NASDAQ 100 face ao S&P 500 Equal Weight

João Paulo Silva novobanco
João Paulo Silva. Créditos: Vítor Duarte

O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de João Paulo Silva do departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco.

Na passada segunda-feira, dia 1 de abril, foi divulgado que o índice ISM Manufacturing de março nos EUA se fixou num valor superior a 50 pontos. Esta surpresa, que não se tratou de uma mentira de 1 de abril, foi um bom exemplo de como um desempenho económico melhor do que o esperado e que aparenta estar imune ao alto nível das taxas de juro, tem começado a levantar questões sobre se cortes de taxas são aconselháveis para uma economia que começa a dar sinais de estar a acelerar. 

Reação do mercado e probabilidade de cortes de taxas

A reação do mercado obrigacionista não se fez esperar, ao atribuir, momentaneamente, uma probabilidade inferior a 50% a um corte de taxas na reunião de junho do FOMC. Do lado dos estrategas de mercado, ouviram-se vozes a defender a possibilidade de os dez anos dos EUA virem a testar, novamente, o nível de 5%. Como os investidores bem sabem, taxas implícitas (yields) mais altas costumam criar dificuldades ao mercado acionista.

Fonte: CME Group (a 4 de abril de 2024)

A contrabalançar a possibilidade do atual bom desempenho do mercado acionista dos EUA vir a ser posto em causa por mais atrasos no início do ciclo de descida das taxas de juro neste país, tem estado o argumento de que, em 2024, o movimento de subida se tem vindo a alargar a vários setores, deixando de estar, de uma forma preocupante, quase exclusivamente concentrado nos setores tecnológico e de comunicações.

Num sinal de que o índice NASDAQ 100 também está sujeito às leis da gravidade, a rentabilidade obtida por este índice em março foi de +1,2%, o que ficou aquém dos +4,5% alcançados pelo S&P 500 Equal Weight (um índice que corrige o efeito da enorme capitalização bolsista das Sete Magníficas na rentabilidade do mercado como um todo).

Fonte: Nasdaq

Comportamento dos setores

Este resultado inverteu por completo o sucedido em janeiro (NASDAQ 100: +1,9%; S&P 500 Equal Weight: −0,8%) e ficou a dever-se, em grande medida, à recuperação dos setores com valorizações mais atrativas (leia-se, mais baratos), como sejam matérias-primas industriais (materials; +6,5% em março), financeiro (+4,8%), energético (+10,6%), fornecimento de serviços básicos (utilities; +6,6%) e indústria transformadora (+4,4%). Outra observação interessante tem a ver com o facto de alguns destes setores, como o de matérias-primas industriais e o da indústria transformadora, serem sensíveis a alterações no ambiente macroeconómico.

Fonte: Nasdaq

A manter-se, esta saudável tendência recente de rotação setorial poderia ser um importante pilar de suporte à continuação do movimento de subida do mercado acionista, tanto ao nível dos EUA, como, dado o peso deste mercado nos índices MSCI World e MSCI ACWI, a nível global.