Mário Carvalho Fernandes, CIO do Banco Carregosa, afirma que a decisão de manter ou subir o nível da taxa de referência deverá manter-se em suspenso até 14 de junho, o dia da próxima reunião.
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Com o aproximar da decisão da reunião da reserva federal dos EUA (Fed), divulgada a 14 de junho, será pertinente acompanhar a evolução das expetativas sobre a decisão sobre a taxa de juro de referência a emanar dessa reunião. A relevância dessa decisão decorre de duas razões:
a possibilidade de ser a primeira decisão divergente com a linha mais hawkish que advém das 10 subidas consecutivas desde março de 2022;
a elevada incerteza que está inerente ao sentido dessa decisão.
Ao longo do último ano, a decisão do comité, a uma semana de antecedência da reunião, já era previsível com um grau de confiança elevado. Nas últimas semanas, a probabilidade associada a uma decisão de manutenção do nível da taxa de referência no intervalo 5,00%-5,25% em alternativa à subida dessa taxa em 25 pontos base tem implícita uma grande incerteza.
Numa conjuntura em que a evolução da inflação continua a ser a variável-chave para o comportamento dos mercados financeiros, os indicadores económicos do nível de preços e da dinâmica do mercado de trabalho têm uma relevância acrescida. Não havendo durante esta semana divulgação de dados relevantes relativos a estas duas dimensões, a decisão deverá manter-se em suspenso até ao dia da própria reunião, beneficiando já da informação sobre a evolução do índice de preços do consumidor norte-americano, divulgado na véspera.
A evolução dos mercados esta semana deverá ser fortemente impactada pela evolução das probabilidades que o mercado imputará a cada uma das decisões a anunciar, na semana seguinte, por Jerome Powell.
No rescaldo da reunião de 3 de maio, estava amplamente claro que a Fed iria pausar o ritmo de subida de taxas nesta reunião de junho. Todavia, as dinâmicas da economia, da inflação e do mercado de trabalho têm vindo a acalentar as vozes dos que defendem que ainda é precoce reduzir o ímpeto do combate à inflação. Entretanto, as decisões da política monetária levam tempo a ter os seus impactos na economia real e o nível das taxas atuais já são restritivas, pelo que também existem vozes bem fundamentadas que defendem uma atitude mais expectante. Os investidores vão continuar a digerir os dados económicos nos próximos dias para tentar antecipar essa decisão, que continua a ser um exercício envolto em grande incerteza.