Paulo Sá, gestor de ativos private do Santander Totta, refere que importa agora seguir com atenção os processos de reabertura económica que vão diferir de país para país.
(O contributo desta semana é da autoria de Paulo Sá, gestor de ativos private no Santander Totta.)
Fonte:SAM
O PIB na Zona Euro encolheu 3,8% neste primeiro trimestre de 2020, refletindo o “shutdown” adotado pelos diversos países para conter o coronavírus. Globalmente, o surto do vírus retraiu economias, a níveis impensáveis no início do ano. A produção da China encolheu pela primeira vez em décadas e os EUA viram a sua expansão recorde chegar ao fim, contraindo -4,8% no 1T de 2020. O FMI espera que a economia global contraia 3% este ano, estimando que a recuperação será apenas concluída no decurso de 2022, para os países da OCDE.
Esta contenção extrema da atividade quer do lado da procura, quer do lado da oferta, levou as empresas quase ao colapso e está a suscitar um forte aumento do desemprego (mais de 370 mil novos desempregados na Alemanha em abril), obrigando os governos a aprovar massivos pacotes de estímulos fiscais e os bancos centrais a aumentar respetivos balanços, para amenizar o impacto. Este suporte quer em termos de volumes como de amplitude de medidas, será em muito superior ao registado durante a Grande Crise Financeira de 2008.
Com o amenizar recente das curvas de surgimento de novos casos de Covid19, os governos europeus começam agora a preparar a diminuição das restrições, num esforço de normalização das suas economias. Há já sinais de alguma retoma da atividade com a abertura de algumas fábricas e com o consumo de eletricidade na União Europeia a aumentar pela primeira vez em oito semanas.
Importa agora seguir com atenção estes processos de reabertura económica, que serão diferenciados e com timings distintos entre países, mas que terão neste mês que agora se inicia, uma visibilidade relevante no sentido de os investidores perceberem, se a retoma económica iniciará a sua marcha firme e crescente (esperada essencialmente para o 2.º semestre) sem retrocessos significativos suscitados por novos incrementos do surto do Covid-19.”